Diante da grandeza da produção reservada ao Estado para a próxima colheita (se São Pedro ajudar e a lagarta Helicoverpa armigera não atrapalhar, teremos recorde de 30,22 milhões de toneladas de grãos), falar sobre a necessidade de manter produtores livres de dívidas parece fora de contexto. Mas não é.
Tanto que entre as prioridades para 2014 listadas pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) em seu balanço de fim de ano está o seguro rural. Um grupo de técnicos da entidade trabalha, nos bastidores, em parceria com integrantes de diferentes áreas do governo - ministérios da Fazenda, Agricultura e Banco do Brasil - para fazer alterações que consigam deixar o agricultor e sua indústria a céu aberto efetivamente protegidos.
Entre as mudanças em avaliação estão um fundo para catástrofes e um seguro para a renda do produtor. A necessidade de universalização do benefício é outro ponto em discussão. A Farsul solicitou ainda liberação de R$ 230 milhões para pagamento de seguro da safra passada.
- Não vamos deixar o produtor rural se endividar novamente - alertou o presidente da entidade, Carlos Sperotto.
O recado vem justamente porque neste ano uma antiga reivindicação do setor foi atendida: a renegociação de dívidas para produtores de municípios gaúchos atingidos pelas secas de 2005 e 2012. Com isso, muitos agricultores que viram seus resultados serem consumidos pela falta de chuva voltaram a ter acesso ao crédito.
Aliás, os bons resultados obtidos com a safra cheia deste ano e previstos para o ano que vem podem e devem ser usados a favor do produtor para manter suas contas em dia.
- Ainda que a próxima safra seja de menor rentabilidade, será muito boa. O produtor deve adiantar o pagamento de todas as dívidas que puder. Sobretudo as que são fora do sistema financeiro. Agricultor com liquidez significa um empresário com maior capacidade de geração de riqueza para ele e para toda a sociedade - orienta Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul.