A indústria de abate clandestino envolve cerca de 400 mil cabeças de gado a cada ano, segundo estimativa do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sindicarne). Mas é apenas uma tentativa de dimensionar uma atividade sobre a qual não há controle.
O produto não tem qualquer inspeção sanitária, o que representa perigo para saúde. Uma mobilização conjunta entre indústria e governo conseguiu reduzir esse volume, que já chegou a 600 mil cabeças.
Ainda assim, a oferta de carne proveniente de abigeato pode comprometer um árduo trabalho de uma década contra o abate clandestino e preocupa o presidente do Sindicarne, Ronei Lauxen.
O temor é compartilhado por autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, que estão colocando em prática um projeto-piloto de categorização dos serviços de alimentação para a Copa do Mundo 2014 nas cidades-sede dos jogos. Em Porto Alegre, o projeto é tocado pela Equipe de Vigilância de Alimentação, ligada à Secretaria Municipal da Saúde.
- Em linhas gerais, é um check-list de 120 pontos relacionados com o manuseio e a origem dos alimentos que os restaurantes precisarão responder. E serão classificados pelas suas respostas - informa o veterinário Paulo Antonio da Costa, chefe da Equipe de Vigilância da Capital.
Como a carne é o principal cartão-postal dos gaúchos - e um dos principais produtos brasileiros no Exterior, todas as 82 churrascarias e galeterias existentes na cidade estão incluídas no projeto, avisa Costa.