A chuva que na última semana trouxe prejuízos para diferentes culturas, e que deve voltar ao Estado nesta semana, chama a atenção para outro problema que traz danos, e grandes, ao agronegócio: o custo e os entraves da baixa qualidade da energia elétrica no meio rural. Não foram poucos os empreendedores do campo que tiveram prejuízos com a interrupção nos fornecimento de luz na última semana, perdendo leite e carne armazenados, por exemplo, ou adquirindo - de última hora - geradores que nem teriam condições de pagar.
O grande problema é que a falta de energia não ocorre só quando o tempo fica feio. Nesse quesito, as nuvens são sempre negras. Em parceria com órgãos estaduais e municipais, a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo realizou levantamento em 2.583 propriedades, das quais 87% eram abastecidas por redes monofásicas e 34% por ramais de profundidade em estado precário de conservação e utilização - dificultando as atividades produtivas.
A ideia, de acordo com o secretário Ivar Pavan, é elaborar um plano para 2014/2015 para enfrentar o que classifica como o drama de quem depende de energia elétrica no meio rural. Essa carência de investimento é um causador de prejuízos: impede investimentos nas propriedades, limita a instalação de equipamentos de irrigação e mesmo de resfriadores onde se opera a pecuária de leite, entre outras restrições. A situação é vergonhosa e antiga.
Em 2007, a Assembleia Legislativa, por meio de uma subcomissão que analisou o tema, apontou a baixa qualidade da energia no campo como um dos maiores impedimentos à expansão da agricultura familiar. Hoje, até programas do governo do Estado para o desenvolvimento rural encontram na falta de força para mover motores um entrave para ser tocado. Imagine como seria o cenário se não fosse o agronegócio um dos pilares da economia gaúcha.