Pelo menos 20 pinguins foram encontrados mortos entre esta terça-feira (11) e domingo (16) no litoral gaúcho e catarinense. Destes, 11 estavam na beira da praia de Tramandaí (RS), sete em Garopaba (SC) e outros dois em Imbé (RS).
Apesar de ainda não ter como afirmar a real causa da morte, o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) informou à GZH que há pelo menos três razões para o incidente: o excedente populacional dessas aves, a pesca da anchova ou ainda a pesca ilegal seguida de vento forte que acometeu o Litoral Norte neste final de semana.
A primeira hipótese se refere à pouca idade dos pinguins, que estão viajando pela primeira vez. Vale lembrar que os pinguins encontrados no Litoral Norte são os pinguins-de-magalhães, espécie migratória que se reproduz no Sul da América do Sul, na Patagônia, e vem para o Norte do mapa, chegando a Estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em busca de alimento.
— Mais de 95% dos pinguins mortos na praia são juvenis, bichos de primeiro e segundo ano de vida — detalha Guilherme Tavares Nunes, professor de biologia marinha da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
Já a segunda hipótese é em razão do período de pesca da anchova. A captura deste peixe é feita com uma rede esférica e começa na segunda metade do ano. Muitos dos pinguins mortos vistos no Litoral Norte nesse período, continua Nunes, são em decorrência de uma pesca acidental.
— Os pinguins nadam ao lado da anchova porque comem a mesma coisa: anchoita, um peixe pequeno. Capturados, eles morrem asfixiados, já que, apesar de serem excelentes mergulhadores, respiram oxigênio — esclarece o professor.
E a terceira possibilidade trazida é o fenômeno da pesca de arrasto clandestina. Hoje, no Rio Grande do Sul, está proibida a pesca de três até 12 milhas náuticas. Capturados também acidentalmente, os animais são soltos em alto mar. Com as rajadas de vento deste final de semana, esses corpos chegaram à terra.
— Mas, é claro, há sempre outras possibilidades, como contaminação, ingestão de plástico e colisão entre barcos, por exemplo — pondera Nunes.
Neste domingo (16), veranistas e moradores de Tramandaí também relataram a presença de baiacus, gaivotas e outros pássaros menores mortos ao longo da beira da praia.
*Produção: Carolina Pastl