Moradores de Imbé e Tramandaí e autoridades ocuparam o CTG Querência, em Imbé, no Litoral Norte, para discutir a construção de uma nova ponte para ligar os dois municípios, na noite desta quarta-feira (10). Esse foi o primeiro debate público sobre o assunto. O encontro deveria ter sido feito em julho, mas foi adiado devido à superlotação na Câmara de Vereadores de Tramandaí.
Não ficou definido se haverá outra audiência pública para debater o tema. Na reunião, as prefeituras defenderam que a obra melhorará o trânsito e tratá mais segurança na travessia. Por outro lado, entidades e especialistas temem que a nova ponte possa prejudicar a pesca cooperativa feita entre pescadores e botos na Barra do Rio Tramandaí, localizada entre os dois municípios. Outra reclamação do grupo é que não tinha ocorrido, até hoje, uma conversa pública sobre o processo (confira baixo algumas manifestações da reunião).
O encontro desta quarta foi proposto pela Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa a pedido de entidades contrárias à construção da ponte e pescadores locais. O deputado estadual Zé Nunes (PT) presidiu a audiência, que durou cerca de três horas (veja o vídeo abaixo).
Neste momento, está em andamento um estudo que foi contratado para identificar pontos onde a estrutura poderia ser construída. Além disso, os municípios trabalham no licenciamento ambiental da futura estrutura.
De acordo com o estudo de viabilidade há duas opções no momento. Uma delas tem o traçado de 1,6 quilômetro e previsão de investimento de cerca de R$ 140 milhões, e passa por dentro da lagoa do Armazém. A outra teria 180 metros, custaria R$ 40 milhões e seria localizada em um ponto conhecido como Ponte das Sardinhas.
Essa última, uma estrutura binária, com duas pontes ligando as cidades, é a que se enquadra no valor disponível para a construção do empreendimento garantido por verbas estaduais.
Veja algumas manifestações da audiência pública
"Queremos chegar em um consenso, em que não tenha vencedores nem derrotados, mas que toda a comunidade possa ser beneficiada com um investimento de mais de R$ 40 milhões. É um momento importante para chegarmos ao que queremos. É uma discussão em busca da melhor ideia possível para preservar o meio ambiente", Luiz Carlos Gauto da Silva (PP), prefeito de Tramandaí
"Para se mensurar os impactos (da ponte) deve-se se realizar estudos específicos, com foco em espécies ameaçadas de extinção e interferência das obras na época reprodutiva da tainha. Também durante o licenciamento ambiental do binário deve se priorizar estudos que tragam respostas sobre o impacto na pesca cooperativa entre botos e pescadores, na tainha e nas aves migratórias", Andre Baldraia, professor que representou a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
"Nenhum dos prefeitos e vereadores fez uma audiência pública (sobre a ponte). Teve que vir um deputado estadual para promover esse tipo de reunião. Em função disso, impossibilitou-se a análise de solucionar a questão viária através da reforma ou reconstrução da ponte atual (ponte Giuseppe Garibaldi)", Silvio Luiz Donineli, Movimento Não à Ponte
"Essa ponte é para desenvolvimento regional. Tem que ser feito uma coisa bem feita, que vai durar 40, 50 anos, para as próximas gerações usufruírem disso", Vilson Ropke da Colônia Local de Pescadores Z34
"Ao meu ver a deterioração (da ponte atual) nos tira a segurança e acho que, para termos segurança, temos que ter pontes novas. As atuais têm baixa capacidade de carga e temos o problema do engarrafamento de veículos. Não vamos fazer nada que não seja bem pensado, planejado e bem calculado. A indicação dos locais das pontes foi dos técnicos, que trabalharam um ano nisso", Luis Henrique Vedovato (MDB), prefeito de Imbé