O cientista ambiental Jonathan Barichivich, do Laboratório de Ciências Climáticas e Ambientais em Paris, na França, estima que a árvore mais antiga do planeta tenha 5.400 anos e seja a conífera Fitzroya cupressoides. A planta fica localizada nas montanhas costeiras do Chile. As informações são do jornal Science.
Em 2020, pouco antes da pandemia, Jonathan perfurou parte da conífera com uma broca em forma de T, utilizada pelos cientistas para extirpar cilindros estreitos de madeira, sem prejudicar a árvore. O processo foi realizado com intuito de avaliar a idade da planta por meio de seus anéis de crescimento. O pedaço retirado continha 2.400 anéis bem espaçados. Como o instrumento não conseguiu alcançar o centro do vegetal, Barichivich teve que recorrer a outro método.
Jonathan precisou utilizar uma combinação de modelos de computador e métodos tradicionais para calcular a idade estimada de árvore. Foram levados em consideração informações como fatores ambientais e variações aleatórias que prejudicam o crescimento para a criação de modelos de simulação de faixas etárias possíveis.
O método aplicado pelo cientista rendeu a estimativa de 5.484 anos, com 80% de chance de que a árvore tenha vivido por mais de 5 mil anos. Se a datação da conífera for comprovada, isso a tornaria pelo menos um século mais velha do que o atual detentor do recorde, o pinheiro Methuselah, localizado no leste da Califórnia, nos Estados Unidos, que tem 4.853 anos de anéis de crescimento anuais.
A descoberta de Barichivich ainda não foi publicada porque não envolve uma contagem completa dos anéis de crescimento, requisito essencial para alguns pesquisadores para determinar com mais precisão a idade do vegetal. Apesar disso, o cientista apresentou a pesquisa em reuniões e conferências e escreveu um relatório breve e informal sobre seus métodos.
Nos próximos meses, Jonathan pretende publicar um artigo em uma revista científica sobre o assunto. O cientista também pretende estimular que o governo chileno proteja de forma mais eficiente a conífera.
Uma das preocupações de Barichivich é que o parque onde a planta está localizada permite que os visitantes desçam de uma plataforma de observação e caminhem em torno do vegetal, o que pode prejudicar suas raízes e compactar o solo ao redor. Além disso, o clima da região está se tornando mais seco, o que dificulta a absorção de água pelas raízes e pode provocar o estresse da árvore.
A conífera
A Fitzroya cupressoides é uma conífera do tipo alerce, da mesma família botânica das sequoias e sequoias gigantes. De acordo com os botânicos, é comum que esse tipo de planta atinja idade extremas. Antonio Lara, da Universidade Austral do Chile, fez uma pesquisa com um colega em 1993 em que relataram a existência de uma planta deste tipo no sul do Chile que tinha 3.622 anéis de crescimento. Isso fez com que a espécie fosse considerada como a segunda mais antiga já registrada, perdendo apenas para os pinheiros bristlecone.
Segundo Barichivich, seu avô, que trabalhava como guarda florestal, descobriu a espécie de conífera em 1972. Por conta disso, o cientista acredita que ele tenha sido uma das primeiras crianças que conseguiu conhecê-la.
— É uma árvore que está muito, muito perto de nossos corações — contou Jonathan.