Nasceu recentemente a primeira arara-canindé da história do Gramadozoo, na Serra Gaúcha. O ovo ficou 26 dias sendo chocado pelos pais e eclodiu em 10 de dezembro. O filhote passou a ser monitorado desde então, mas a equipe ainda não havia retirado a ave do ninho. Nesta quinta-feira (9), o animal foi retirado e passou por uma avaliação clínica.
No primeiro exame, o peso do filhote surpreendeu os veterinários: 960 gramas. De acordo com o veterinário do Gramadozoo Renan Alves Stadler, a ave nasceu com aproximadamente 30 gramas. Um exemplar adulto de arara-canindé pode pesar até 1,3 quilo.
— Ficamos fazendo o monitoramento, mas evitamos retirar o filhote do ninho. Os pais estavam cuidando muito bem do filhote. A mãe não saía de perto do ninho, foi difícil até fazer o registro — explica Stadler, que é o responsável técnico do Gramadozoo.
O veterinário conta que a equipe reproduziu um ninho dentro do viveiro onde as aves são mantidas. Esta espécie não constrói ninho: ela põe os ovos dentro de um buraco e, após o nascimento, mantém vigilância sobre o filhote. O macho é responsável por buscar alimentos, que são sementes e frutas, e a fêmea fica protegendo a cria.
Para Stadler, a reprodução no zoológico indica o manejo adequado da equipe com os animais. O veterinário conta que os animais chegam até o Gramadozoo bastante debilitados. Em geral, eles sofreram maus-tratos ao serem retirados do seu habitat. Muitos deles também são vítimas de traficantes de aves.
— É sinal do bem-estar deles. As araras são uma espécie monogâmica. Quando formam um casal, é para a vida toda. É a primeira reprodução de arara-canindé no Gramadozoo — comemora.
O veterinário disse que há araras-canindé no Gramadozoo desde a sua fundação, há cerca de 11 anos. Entretanto, esta foi a primeira vez no período em que um casal dessa aves conseguiu dar à luz um filhote.
Espécie exótica no Rio Grande do Sul
As araras-canindé têm como região de origem a floresta amazônica e algumas áreas do Pantanal. Em alguns locais onde há ocorrência do animal na natureza, ele está ameaçado de extinção, sendo a principal causa a destruição do seu habitat. Segundo Stadler, um exemplar adulto mede entre 60 e 65 centímetros de altura.
Ivan Gonçalves, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) especialista em Medicina de Animais Silvestres, explica que a reprodução da ave não chega a ser um episódio raro, porque a arara-canindé é uma das espécies mais comum entre as criadas em cativeiro. Apesar disso, saúda o nascimento do filhote.
— É sempre uma vitória quando esses animais nascem em cativeiro, pois é uma maneira de perpetuar a espécie. Mesmo que em cativeiro, mesmo que nunca voltem à natureza, se perpetuam — aponta.
Stadler, do Gramadozoo, faz um apontamento semelhante. Para ele, a criação em cativeiro e o monitoramento constante dos animais ajuda os profissionais a entenderem o comportamento das espécies, entre eles o reprodutivo, o que pode auxiliar na sua preservação.
*Produção de Állisson Santiago.