O mar da Praia do Rosa, em Santa Catarina, foi palco de um espetáculo de baleias-francas na manhã desta quarta-feira (21). Duas mães, com filhotes, foram flagradas por um drone do Instituto Baleia Franca (IBF) enquanto nadavam no mar verde do litoral catarinense. Nas próximas semanas, os registros devem ficar mais frequentes, já que o período reprodutivo, entre julho e novembro, tem seu auge em setembro.
A baleia-franca, que está ameaçada de extinção, é uma espécie migratória que viaja em busca de locais de alimentação e reprodução. No verão, elas procuram comida na Antártida, e no inverno e primavera buscam o sul do Brasil para se reproduzirem.
Imbituba é a cidade com maior número de aparições, mas elas podem ser avistadas na área que vai de Florianópolis até a praia do Rincão, trecho equivalente a cerca de 190 km. Desde 1987, quando começaram os sobrevoos de inspeção, o Brasil recebe uma média de 100 destes mamíferos por ano, mas em setembro de 2018 houve o recorde histórico, quando foram avistados 273 animais.
Segundo a diretora de pesquisa do Instituto Australis, Karina Groch, 45 anos, esses cetáceos são dóceis, por isso se aproximam das costas, e também são a única espécie de baleia ameaçada de extinção que se reproduz no Brasil. A pesquisadora conta que todas as francas têm uma marca branca na cabeça para identificá-las.
— Esta é uma característica delas. Chamamos de calosidade, e o conjunto destas calosidades é único para cada baleia. É como se fosse a impressão digital da espécie — explica.
Baleias -francas podem potencializar o turismo
No início de agosto, o Ministério do Meio Ambiente publicou o Plano de Ação Nacional para Conservação de Mamíferos Marinhos do Brasil. A iniciativa deve trazer melhorias como o fortalecimento de políticas públicas para conservação de cetáceos marinhos e o monitoramento dos efeitos das mudanças climáticas na dinâmica populacional destes cetáceos.
Autor do flagra desta manhã, o IBF pretende realizar um programa com a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) integrando ações da área da mata atlântica com a conservação da baleia-franca. Dentro do projeto estão ações de educação ambiental em escolas de Florianópolis a Imbituba.
Outra ação no radar da entidade é promover o turismo embarcado de observação de baleias. O início das atividades aguarda apenas a autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O plano é realizar um passeio inaugural com convidados de peso como os fotógrafos Sebastião Salgado, Lawrence Wahba e Gustavo Fonseca.
Segundo o presidente do IBF, Eduardo Peixoto, 56 anos, é preciso fomentar este ramo do turismo para trazer um impacto positivo na economia local.
— De acordo a Comissão Baleeira Internacional (CBI), em 2009, mais de 13 milhões de pessoas buscaram serviços para observação de baleias e golfinhos em 119 países. Isto movimentou cerca de U$ 2 bilhões (cerca de R$ 8 bilhões) em todo o mundo. Se focarmos nisso, podemos evitar a sazonalidade da região que depende muito do verão para gerar empregos e podemos impactar positivamente a economia local — acredita.