A investigação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Santa Maria, na Região Central, aponta, preliminarmente, que as más-condições da BR-158 foi um dos fatores responsáveis por causar o acidente que deixou três mortos na noite de segunda-feira (8).
Bruno Figueiredo Félix, 28 anos, e os irmãos Patrick Rodrigues Nascimento, 34, e Wellington Rodrigues Nascimento, 24, morreram no local, depois do Citroën Aircross em que eles estavam bater de frente contra uma carreta carregada de madeira. O acidente aconteceu por volta das 20h em um trecho que está em obras, na entrada para o chamado viaduto da Uglione, em referência ao nome do bairro.
O motorista da carreta, Leonardo Pazzini de Souza, 43 anos, foi liberado da Penitenciária Estadual de Santa Maria na tarde de terça-feira (9), após audiência de custódia. Ele havia sido preso em flagrante por homicídio culposo. O tacógrafo da carreta marcou que a velocidade do veículo estava entre 75km/h e 80km/h no momento do acidente. O limite para o trecho é de 50km/h. Ele fez o teste do bafômetro que não apontou ingestão de álcool.
Na manhã desta quarta-feira (10), o Instituto-Geral de Perícias (IGP) esteve no local novamente para apurar mais detalhes de como ocorreu o acidente, já que no momento da colisão estava muito escuro. Conforme o delegado Marcelo Arigony, titular da Delegacia de Homicídios e responsável pela investigação, os apontamentos da perícia serão de suma importância para detalhar se as condições da rodovia no local foram o principal fator para causar o acidente.
— Foi feita uma perícia de local preliminar (na segunda) e, hoje (nesta quarta) de manhã, acompanhamos uma nova rodada de perícias em um ponto da rodovia que identificamos como importante, se não o determinante, do acidente, que, provavelmente, tenha levado ao veículo das vítimas a se desestabilizar e ser praticamente jogado contra o caminhão. Mas seguimos com as investigações — explica Arigony.
O advogado do motorista do caminhão, Raphael Urbanetto Peres, ressalta que o seu cliente nunca havia se envolvido em um acidente. Ele afirma também que a defesa busca informações sobre as obras da Travessia Urbana e entende que as más-condições da rodovia no local foram preponderantes para o acidente.
— Preliminarmente, já foi apurado que o ponto de impacto do acidente se deu sobre a via onde trafegava o caminhão. Então, há indícios de que as más-condições da rodovia contribuíram para isso. O meu cliente não fugiu do local, fez o bafômetro, tudo isso conduz à ideia de que, em tese, se trata de um homicídio culposo. Um dos nossos pilares na defesa é trazer à tona todo o descaso com esse trecho — destaca Peres.
Em nota, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito (Dnit) informou que mantém contato permanente com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para execução de medidas preventivas de acidentes. Diz ainda que, no local, será reforçada a sinalização vertical com a finalidade de evitar manobras irregulares e canalizar o fluxo de veículos. O Dnit reforça que a velocidade máxima no viaduto é 50 km/h.
O enterro de Bruno Figueiredo Félix aconteceu na manhã desta quarta-feira, no Cemitério Ecumênico de Santa Maria. No mesmo local, serão enterrados, à tarde, os irmãos Patrick e Wellington Nascimento.