O cientista Tom Parry Jones morreu nesta segunda-feira, aos 77 anos, em sua casa, no País de Gales, segundo a imprensa britânica. A causa da morte não foi divulgada.
Uma de suas invenções, porém, segue presente no dia a dia de motoristas do mundo todo. Em 1974, Jones inventou o bafômetro, criação que lhe rendeu o prêmio da Ordem do Império Britânico.
Conforme o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio Grande do Sul, Jerry Adriane Dias Rodrigues, o aparelho capaz de identificar, com apenas um sopro, a concentração de álcool no sangue do indivíduo, é usado por agentes de fiscalização de trânsito no Brasil há pelo menos 20 anos, e passou por evoluções ao longo do tempo. Os primeiros eram com ponteiros, hoje, os chamados etilômetros são digitais.
- Sem o bafômetro não teríamos um instrumento ágil e seguro de fiscalização quanto à embriaguez ao volante, conduta que está ligada a boa parte dos acidentes - destaca Rodrigues.
O inspetor frisa que o aparelho é indispensável para fazer cumprir a chamada Lei Seca, que fecha cada vez mais o cerco a motoristas alcoolizados, pois permite verificar o índice etílico com precisão sem que o agente de trânsito tenha de deixar o posto e ir até um hospital para o condutor fazer um exame de sangue, por exemplo.
Pesquisas da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) indicam que mais da metade dos acidentes graves de trânsito estão relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas.
Prático e eficaz
O psiquiatra Arthur Guerra, chefe do Grupo de Estudos em Álcool e Drogas (Grea) da Universidade de São Paulo (USP) e presidente executivo da ONG Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), corrobora com a tese de que o bafômetro tem sido a principal ferramenta para inibir a ingestão de álcool ligada à condução de veículos.
- As demais ferramentas ou são subjetivas ou são demoradas. O bafômetro é prático, simples e objetivo - elogia Guerra.
Membro da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), o psiquiatra Carlos Salgado concorda:
- O bafômetro se tornou uma invenção revolucionária porque é capaz de identificar se o indivíduo está ou não alcoolizado de maneira simples e eficaz.
A morte de Tom Parry Jones enlutou a Universidade de Bangor, onde era professor. Um porta-voz da universidade disse que a instituição perdeu um de seus alunos mais ilustres, que estava sempre disposto a inspirar novas gerações de estudantes.
Jones mantinha um fundo com seu nome para incentivar jovens a seguirem carreira científica e criou, com a ajuda de seus alunos, o Festival de Ciência de Bangor, que terá sua terceira edição em março.
Nascido na pequena cidade de Menai Bridge, na Ilha de Anglesey, noroeste de Gales, o cientista deixa a mulher, Raj Parry Jones.