O Brasil assinou nesta terça-feira (15), em uma cerimônia no Palácio do Planalto, o acordo de adesão ao programa Artemis, um projeto de exploração espacial liderado pelos Estados Unidos que inclui enviar a primeira mulher e a primeira pessoa negra à Lua em 2024. Além da cooperação técnico-científica, o acordo traz um conjunto de princípios, diretrizes e boas práticas para a cooperação internacional na exploração do espaço, incluindo o território lunar.
Até o momento, o Brasil é o único país da América Latina a assinar o documento e o 12º do mundo. Os demais signatários são Austrália, Canadá, Coreia do Sul, EUA, Itália, Japão, Luxemburgo, Emirados Árabes Unidos, Nova Zelândia, Reino Unido e Ucrânia.
O acordo Artemis reforça um tratado de 1967, que estabeleceu os princípios para a exploração e uso do espaço, incluindo a Lua e outros corpos celestiais. As nações participantes concordam com normas e convenções relativas, por exemplo, à divulgação de pesquisas e dados científicos e ao resgate de astronautas.
Na cerimônia, o presidente Jair Bolsonaro disse que o acordo servirá para impulsionar o desenvolvimento tecnológico. Bolsonaro acrescentou que o acordo é mais um feito da diplomacia brasileira. Outro feito, afirmou o presidente, foi a eleição do Brasil, na última sexta-feira (11), para um dos assentos não permanentes no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
— Isso é uma prova irrefutável do bom relacionamento que o Brasil tem com o mundo todo — disse.
Em sua fala, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, destacou ações recentes na área espacial, entre as quais o acordo firmado em 2019 entre Brasil e EUA para o uso militar e comercial da base de lançamentos de Alcântara, no Maranhão.
Pontes disse que, com isso, o programa espacial brasileiro deve se fortalecer e formar uma nova geração de especialistas.
— Temos caminhos abertos para futuros cientistas, futuros engenheiros, futuros técnicos e futuros astronautas, por que não? — ressaltou o ministro.
Aviação
Ao discursar na cerimônia, o embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, reconheceu o pioneirismo de Santos Dumont no desenvolvimento da aviação mundial. O diplomata lembrou que o inventor, no início do século 20, deu à norte-americana Aída de Acosta a oportunidade de pilotar um de seus dirigíveis, o que garantiu a ela o título de primeira mulher a comandar uma aeronave motorizada.
O ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, agradeceu ao embaixador por “evocar a memória de Santos Dumont”, fazendo alusão à controvérsia entre os dois países em torno da invenção do avião. Até hoje, enquanto a maior parte dos brasileiros considera Dumont o inventor do primeiro avião, os norte-americanos afirmam que o título cabe aos irmãos Wright.