Pelo menos 49% da população mundial ainda não tem acesso à internet, revelou o Estado da Banda Larga 2019 (State of Broadband). Pela primeira vez, o índice apontou que mais da metade da humanidade está conectada à Rede Mundial de Computadores, apesar do número ainda estar longe da meta de 75% de penetração em 2025.
Quando considerados os domicílios, o índice aumenta, chegando a 57,8%. Em comparação, há 14 anos, em 2005, apenas 19% das casas conseguiam navegar na web. Contudo, quando considerada a banda larga fixa, o percentual cai para 14%.
Realizado pela Comissão de Banda Larga, grupo que reúne representantes de empresas e das Nações Unidas, o relatório aponta, no entanto, que a conectividade não é homogênea em escala global. Os fatores que interferem nos índices passam por localização geográfica (áreas urbanas x rurais), classe social (ricos x pobres), idade e gênero.
A conexão de baixa qualidade, por exemplo, aparece 43% em países mais pobres, enquanto o problema é mencionado por apenas 25% de entrevistados em nações mais desenvolvidas.
Outro caso que exemplifica a situação é o preço dos pacotes entre diferentes regiões do globo. Enquanto uma franquia de um giga em países do Sul da Ásia consome 1,2% da renda mensal média, na África Subsaariana o serviço custa o equivalente a 6,8% da receita média mensal.
Redes
Já a infraestrutura da rede avançou e hoje abrange 96% da população mundial. O tráfego internacional de dados é realizado por 400 cabos submarinos, abarcando 1,2 milhão de quilômetros, e por 775 satélites com atuação em serviços de comunicação na órbita da Terra.
No ecossistema móvel, 2018 foi o ano em que a tecnologia 4G se tornou hegemônica, ultrapassando a 2G, sendo responsável por 44% das conexões móveis. Citando dados da consultoria GSMA, o relatório ressalta que o 5G, o novo paradigma tecnológico dos serviços móveis, tornou-se "uma realidade".
No ano passado, o novo padrão foi lançado nos Estados Unidos e na Coreia do Sul. Em 2019, a previsão é que ele passe a ser ofertado em 16 novos países. A expectativa da GSMA é que em 2025 haja 1,4 bilhão de conexões, cerca de 15% da base total.
Encruzilhada
Para os autores, a internet se encontra em uma "encruzilhada" e é crescente o reconhecimento de que serão necessárias regulações específicas para enfrentar os riscos e desafios impostos pela rede. Ainda segundo eles, serão precisas novas abordagens de negócio e iniciativas industriais para "mitigar efeitos não intencionados e resultados negativos da adoção da internet".
Além disso, os pesquisadores argumentam que as pessoas não podem ser divididas entre usuários e não-usuários, uma vez que há uma diversidade de formas de conectividade e experiências online.
O reconhecimento dessas especificidades passa pela consideração de públicos mais vulneráveis em sua presença na web. Mulheres estão sujeitas a perseguição, assédio e discurso de ódio na web. Já crianças são vítimas de abusos, exploração e bullying.
Diante da variedade de formas de acesso, os autores defendem a "conectividade universal relevante". Essa noção envolve uma banda larga "disponível, acessível, relevante, barata, segura, confiável e que empodere os usuários levando a impactos positivos".