Foi com aplausos que o público presente junto à Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, celebrou o fim do eclipse solar parcial que cobriu 58% do pôr do sol da capital gaúcha, no final da tarde desta terça-feira (2). A visualização começou por volta das 16h50min, pelo horário de Brasília, e o ápice ocorreu às 17h33min. A sorte dos porto-alegrenses é que o céu, que permaneceu nublado durante quase todo o dia, ficou sem nuvens exatamente no horário previsto para o fenômeno.
E para que o público pudesse acompanhá-lo sem olhar diretamente para o sol, uma equipe da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) esteve na Usina disponibilizando um telescópio, quatro filtros de soldador e 100 filtros de mão. A fila para visualizar no equipamento chegou a ter 100 metros durante as duas horas de atendimento. Mas a cuidadora de idosos Gissiane Kosciuszko, 50 anos, e o filho, Arthur Mateo, 13 anos, moradores do bairro Floresta, em Porto Alegre, não precisaram esperar. Para serem os primeiros da fila, os dois chegaram às 15h no local.
— Há mais de uma semana, vínhamos nos preparando para este momento especial. O Arthur ama estudar o tema e não podíamos perder a oportunidade — contou Gissiane.
Munido de óculos escuros, câmera fotográfica, um filtro de soldador e um dos filtros distribuídos pela universidade, Arthur se comunicou com a mãe sem tirar os olhos da lente até o sol desaparecer no horizonte. No próximo eclipse total, previsto para ocorrer em 14 de dezembro de 2020, os dois já se preparam para uma aventura maior: eles irão ao sul do Chile, para ver o fenômeno por completo. Gissiane confidenciou que este será o presente de 15 anos do filho.
Assim como mãe e filho, a família Duarte cuidou o relógio em casa, no Centro Histórico, para não perder o momento especial. Antes da 17h, a psicopedagoga Helena, 50 anos, o militar Rogério, 53 anos, e a filha do casal, Ananda, nove anos, se posicionaram a cerca de 100 metros da movimentação da UFRGS para acompanhar o eclipse com chapas de radiografia.
— É um fato especial para a Ananda, pois é a primeira vez que ela verá um eclipse — comentou Helena.
— Estou achando tudo lindo! — vibrou a menina.
Vinda de Macéio (AL), a hoteleira Tina Araújo, 30 anos, não se importou com os 12ºC à beira do Guaíba e levou o filho Nathan, de dois anos, para participar do evento.
— As nuvens se foram e o dia ficou lindo. Não podíamos perder — comentou, enquanto tentava visualizar o eclipse com a ajuda de um óculos escuro.
Para acompanhar o fenômeno com segurança, os especialistas indicaram o uso de um vidro de soldador nº 14, encontrado em ferragens. O mesmo podia ser usado na frente das câmeras de celulares para fotografar. Mas nem a falta do equipamento indicado desmotivou quem foi à orla.
— Todo o processo do eclipse dura algumas horas. O início do contato externo, a lua chegando, até o final, depois saindo do sol, pode levar até três horas. O momento da totalidade, para quem está na faixa da totalidade, é que dura alguns minutos. Aqui tivemos uma ótima visualização, com céu praticamente limpo. Nós não esperávamos tanto público, mas foi um momento muito especial — comemorou a diretora do Planetário da UFRGS e professora do Departamento de Astronomia do Instituto de Física, Daniela Borges Pavani, responsável pela organização do evento.
Municípios mais ao norte do Rio Grande do Sul tiveram obscurecimento com menos de 2% em relação a Porto Alegre, enquanto os mais próximos da fronteira com o Uruguai enxergaram uma sobreposição maior.