Dois esqueletos humanos com cerca de 5.880 anos foram encontrados a 60 centímetros de profundidade do solo no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, ao lado de obras de duplicação da BR-470. As escavações foram realizadas em maio deste ano, e as ossadas encontradas foram enviadas para o laboratório Beta Analytics, nos Estados Unidos, para serem datadas. Os pesquisadores catarinenses receberam os resultados há duas semanas. As informações são do G1.
Para o arqueólogo Valdir Luiz Schwengber, coordenador da pesquisa, o local, chamado de Sambaqui Ilhota 2, era uma ilha no meio de uma laguna. Conforme Valdir, os sambaquis são locais do litoral brasileiro que foram ocupados por humanos no período pré-colonial. Em Santa Catarina, onde os esqueletos foram encontrados, os sambaquis são formados por camadas de conchas, sedimentos e restos de fogueiras, em ambientes lagunares, baías e ilhas.
Valdir diz que, pelo fato de o local ser isolado e não possuir água potável, há uma hipótese de que tenha sido utilizado para cerimônias e rituais funerários, motivo que explicaria os dois sepultamentos.
Alguns vestígios da fauna local também servem de ajuda para que os especialistas envolvidos na pesquisa compreendam as estratégias de sobrevivência utilizadas pelos grupos que habitaram a região no passado.
— Dados coletados no local apontam que eles tinham uma dieta de peixes, como bagre, miraguaia, o sargo-de-dente, robalo e corvina. O pequeno tamanho dos peixes indica que a base alimentar estava na pesca de peixes juvenis presentes nas águas rasas — diz o arqueólogo.
O local foi sinalizado e cercado, e a intenção é que possa se tornar um espaço educativo. Os esqueletos estão no laboratório da empresa responsável por realizar o trabalho.
— A pesquisa prossegue, estamos tentando identificar alimentação, doenças, sexo e idade dessas pessoas e do que morreram — afirmou Valdir.
O trabalho de pesquisa está sendo realizada por uma empresa de Tubarão, no Sul do Estado, credenciada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Pesquisadores de uma equipe multidisciplinar de áreas como história, biologia e arqueologia participam.
— Esse estudo nos permite compreender a dinâmica de ocupação do território onde hoje é o litoral catarinense — explicou o arqueólogo.
A previsão é de que a pesquisa seja concluída até dezembro deste ano. Depois disso, os ossos serão encaminhados para a Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), onde ficarão na reserva técnica do laboratório.