Empresários como o paulista Eduardo Bueno reclamam dos impostos cobrados para a importação das impressoras 3D. Ele trouxe, da Irlanda, uma máquina totalmente diferente das outras expostas nos 30 estandes da Inside 3D printing. A máquina, que por enquanto só foi vendida a duas instituições de ensino brasileiras, utiliza papel sulfite comum para produzir as peças tridimensionais. As folhas são cortadas uma por uma e coladas sob pressão de uma tonelada a 700ºC, em um aparelho do tamanho de uma fotocopiadora. O processo transforma o papel compactado em objetos de madeira.
A ideia de Bueno ainda não decolou porque o desconto oferecido às escolas é mínimo perto do valor final do produto. A impressora custa US$ 52 mil, mas, segundo o empresário, sofre com mais de 70% de encargos para importação.
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- Nossos políticos ainda não entenderam que conhecimento não deveria ter custo extra. No Uruguai, por exemplo, você não tem esses custos - lamenta.
Quem importa, obviamente, quer menos impostos, mas quem produz os equipamentos no Brasil espera que as taxas sejam mantidas, para equilibrar a concorrência. De qualquer forma, afirma Bene Padovani, um dos organizadores da exposição e consultor na área de impressão 3D, a tecnologia vai ser inserida no sistema educacional brasileiro. Ele prevê que em breve a maior parte das escolas brasileiras terão suas máquinas:
- As novas gerações vão saber utilizar uma impressora 3D da mesma forma como nós aprendemos a usar lápis e papel.
O sonho de Padovani é compartilhado pelo empreendedor Hermes dos Santos Filho, empresário da indústria metalúrgica que resolveu investir na área. Em parceria com o médico Chao Lung Wen, professor da Universidade de São Paulo e responsável pela disciplina de telemedicina, ele planeja substituir o uso de cadáveres nas aulas por corpos impressos em materiais com textura similar a dos nossos órgãos.
A Universidade de São Paulo (USP) desenvolve, há 13 anos, um mapeamento para a digitalização do corpo humano. Além de se responsabilizar pela impressão dos corpos em tamanho real, Hermes "gamifica" esse material para transformá-lo em realidade virtual com a ajuda do Bee Noculus, um aparelho com aparência similar ao cultuado Oculus Rift, desenvolvido por sua empresa em Curitiba.