A Polícia Civil indiciou, nesta semana, duas mulheres pela morte de um idoso de 93 anos por intoxicação em Porto Alegre. O crime ocorreu em dezembro do passado, mas, em razão da enchente, os laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) foram concluídos meses depois.
Conforme a investigação, a ex-companheira de Cristóvão Dionisio de Barros Cavalcanti e a irmã passaram cerca de duas semanas ministrando doses não-prescritas de um sedativo de tarja preta. A prática foi iniciada após o idoso encerrar o relacionamento com a mulher.
— Eles tiveram um relacionamento no passado e ele ficou com vontade de saber notícias, pediu para que o filho a encontrasse nas redes sociais. Reencontrando, viu que ela estava passando por dificuldades, a convidou para trabalhar na casa dele como doméstica, mas aí eles foram ficando próximos. Em pouco tempo, ela já o convenceu de fazer um contrato de união estável com para que ela pudesse ficar recebendo pensão quando ele fosse a óbito. Ela pediu que ele assinasse uma declaração de união estável retroativa há dois anos, quando eles não se falavam. Foi aí que ele começou a achar aquilo estranho. Depois, ele se arrependeu e mandou que ela fosse embora, e ela se recusou a ir — explica a delegada Ana Caruso, titular da Delegacia de Proteção ao Idoso de Porto Alegre.
O homem morreu em casa, no bairro Bom Jesus, no dia 20 de dezembro. Segundo a investigação, a irmã da mulher, que havia sido apresentada à família como enfermeira, foi quem começou a ministrar os medicamentos.
— Segundo uma testemunha, a cada uma hora elas medicavam ele. Nas conversas que nós interceptamos dos celulares que nós pegamos, e também das testemunhas de outras pessoas que trabalhavam na casa, tem os diálogos dizendo que era para ele ser mantido dormindo, que ele não podia acordar, então elas faziam de tudo para ele ficar sedado. A ideia era dela se tornar pensionista dele, e quem sabe até, né, ter algum direito, alguma partilha, ou alguma coisa assim, dos bens que ele ia deixar — completa a delegada.
Em depoimento à polícia, as duas mulheres, de cerca de 50 anos, escolheram ficar em silêncio. Elas foram indiciadas por homicídio doloso e chegaram a furtar uma arma que a vítima possuía em casa. Os filhos do idoso também foram ouvidos. As duas respondem pelo crime em liberdade.