O influenciador digital Leandro dos Santos, conhecido como Pirata, está com a prisão preventiva decretada por suspeita de estupro, que teria sido cometido em 23 de outubro, em sua agência, em Gravataí. Um pedido de prisão foi encaminhado pelo Ministério Público (MP) e acatado pelo Serviço de Plantão ainda no sábado (26), mas ele não foi localizado.
Pirata soma mais de 150 mil seguidores em uma rede social onde acompanha e compartilha operações da Polícia Civil e Brigada Militar, além de produzir podcasts ouvindo membros da segurança pública do Rio Grande do Sul. Até 18 de junho deste ano, Leandro possuía um cargo comissionado na comunicação da Secretaria de Segurança Pública (SSP), onde atuava com produção de vídeos de operações.
Um inquérito policial que tramita sob sigilo está em andamento na Delegacia da Mulher de Gravataí, após a vítima denunciar o caso em uma delegacia de plantão. O Ministério Público, no entanto, já encaminhou de ofício um pedido de prisão, o que foi acatado pela Justiça.
O despacho com o decreto da prisão, que se tornou público, narra detalhes da ocorrência policial e relatos da vítima. Parte será suprimida por conta dos detalhes narrados e violência empregada. O entendimento da Justiça, ao decretar a prisão, é de que Leandro possui uma arma de fogo registrada, inclusive foi utilizada no crime.
Relato da vítima
No dia do suposto crime, a mulher relatou que foi chamada para a agência de Pirata, onde realizaria uma entrevista de emprego para produção de conteúdos de rede social. A mulher conta que foi recebida em uma sala reservada e que o suspeito sugeriu que os dois bebessem para comemorar a contratação dos serviços. Num primeiro momento, ele trouxe latas de “ice”, que foram bebidas.
"A vítima tomou a primeira, foi ao banheiro e quando retornou a lata estava em local diverso ao que a vítima tinha deixado, tendo ela dispensado o líquido. Que após, a vítima retornou a mesa do estúdio ao que o suspeito ficou questionando se ela tinha bebido tudo", diz o registro.
A ocorrência segue narrando que a vítima estranhou a situação, mas que o homem seguia insistindo que ela bebesse, dessa vez whisky. Depois, retirou a arma de cintura e colocou em cima da mesa. Em seguida, o suspeito teria beijado a vítima a força e tocado nas partes íntimas.
Na sequência, a vítima disse que conseguiu entrar no banheiro e sair da sala, mas que foi levada por Pirata até o local onde ela trabalhava. Após o crime continuou recebendo mensagens e ligações do suspeito.
Quem é Pirata
Natural de Florianópolis, Leandro dos Santos, 41 anos, se apresenta como um dos precursores de vídeos policiais no Brasil. Em 2020, participou da produção de um vídeo institucional para a Brigada Militar na serra gaúcha.
Na época, Pirata foi apresentado no site da instituição como “renomado cineasta”, com participações “em mais de 200 operações reais em favelas cariocas, sendo elas, Complexo do Alemão, Salgueiro, Manguinhos, São Gonçalo, Morro do Dendê, Fale Fogueteiro, Chapadão, Pedreira, Vila Isabel, Linha Vermelha, Morro do Macaco.”
Em fevereiro de 2023, foi nomeado para um cargo comissionado na Secretaria de Segurança do RS, onde permaneceu até 18 de junho.
Pirata ou sua defesa também não foram localizados por Zero Hora e nem se manifestaram publicamente sobre o caso. O espaço segue aberto para o contraponto.
Procurada, a SSP emitiu nota:
“Em relação a Leandro dos Santos, a Secretaria da Segurança Pública esclarece que o mesmo trabalhou como cinegrafista na assessoria de comunicação e já não faz parte do quadro desde o dia 18 de junho.”