A 3ª Delegacia de Canoas prendeu em flagrante na noite desta quinta-feira (24) cinco pessoas suspeitas dos crimes de receptação, estelionato e associação criminosa. Segundo a polícia, o grupo, que é de Passo Fundo, é especializado na prática do golpe do bilhete e estava em Canoas atrás de vítimas.
A polícia foi acionada por causa um veículo que estaria em condição ilícita. Agentes localizaram o automóvel e abordaram o motorista, que era um foragido da Justiça.
Em revista ao veículo, foram encontrados diversos materiais que seriam utilizados no golpe e a chave de um quarto de hotel. Questionado, o homem teria admitido que estava hospedado no local, junto de comparsas.
A equipe da 3ª Delegacia realizou diligências na hospedagem, onde flagrou outros quatro suspeitos. Um homem conseguiu fugir da abordagem, mas já está identificado, segundo a polícia.
Investigadores confirmaram que o grupo estava hospedado há quatro dias no hotel e identificaram outros três veículos que estariam sendo usados nos golpes.
Além das cinco prisões, a ação resultou na apreensão de quantias em dinheiro — em reais, dólares e euros —, porções de droga, máquinas de cartão de crédito, bilhetes falsos de loteria federal e envelopes com maços de papel em formato de cédulas, que são usados para enganar as vítimas. A polícia não detalhou as apreensões.
Segundo a delegada Luciane Bertoletti, responsável pela ação, estes golpistas agem em dupla. Enquanto um oferece o suposto bilhete premiado da loteria, outro finge que está pagando um valor a título de adiantamento pelo tíquete, a fim de convencer a vítima a também entregar uma quantia.
Como funciona o golpe do bilhete
O golpe foi noticiado pela primeira vez na imprensa na década de 1930, mas, segundo a polícia, ainda engana muita gente devido à encenação elaborada pelos golpistas. Confira como os estelionatários agem, na maioria dos casos:
- A vítima é abordada por um criminoso que se faz passar por uma pessoa humilde, que pede ajuda para trocar um bilhete premiado.
- Outros golpistas aparecem e se oferecem para ajudar o “sortudo”. Eles simulam acreditar que o bilhete é verdadeiro e reforçam a narrativa.
- Muitas vezes, ligam para um comparsa, que se passa por “gerente da Caixa” e “confirma” que o bilhete teria sido premiado.
- O “dono do bilhete” age como se não soubesse o que fazer com o dinheiro e propõe dividir o valor com a vítima, caso ela o ajude a trocar o bilhete. Mas exige que a vítima lhe repasse valores, como garantia de que ela retornará após resgatar o prêmio.
- Depois que a vítima repassa suas economias, os golpistas desaparecem.
Produção: Camila Mendes