A morte de um morador do condomínio Princesa Isabel, em Porto Alegre, motivou o protesto com queima de dois ônibus na noite de domingo (19), no bairro Azenha. Vladimir Abreu de Oliveira, 41 anos, estava desaparecido desde sexta-feira (17) e teve o corpo localizado no extremo sul da Capital. As causas da morte ainda não foram reveladas.
Conforme um boletim de ocorrência registrado na madrugada de sábado (18), antes da localização do corpo, Oliveira foi abordado por policiais militares em frente ao condomínio na noite de sexta e colocado em uma viatura da Brigada Militar. Esta foi a última vez que ele foi visto.
— Eles (policiais) entraram atirando e eu acho que a maioria do pessoal se assustou, quem estava ali saiu para a rua. A moça do bar informou que viu ele sendo abordado e depois um outro rapaz viu quando algemaram ele e colocaram dentro de uma viatura — disse a mãe de Vladimir, Neusa Maria de Abreu.
Durante o sábado e domingo, a família seguiu em busca de Vladimir, até a localização de um corpo no bairro Ponta Grossa, em uma área alagada. No Departamento Médico Legal, na tarde de domingo (19), o corpo foi identificado como sendo de Vladimir.
— Ele foi encontrado na Ponta Grossa. A gente só soube que ele morreu e vieram avisar a família. Não informaram a causa, só que encontraram o corpo dele, porque a gente tinha dado parte do desaparecimento — disse Patrícia Abreu de Oliveira, irmã de Vladimir, que reconheceu o corpo.
A investigação sobre a morte é conduzida pelo Departamento de Homicídios que não descarta nenhuma linha de investigação, de afogamento ou assassinato.
— Já se sabe que não é uma pessoa que faleceu lá no início da enchente. Essa pessoa faleceu entre o registro do desaparecimento e o encontro do seu corpo. Pode ter sido afogamento ou outra causa, como homicídio. Estamos priorizando, dando total atenção, para que não fique nenhuma linha sem ser investigada — afirmou o diretor do departamento, delegado Mário Souza.
Souza afirma que as denúncias que chegaram à polícia são graves e garante que os responsáveis serão identificados, caso um homicídio seja confirmado. No momento, não é possível dizer qual foi a causa da morte.
Como as denúncias envolvem policiais militares, a Brigada Militar também abriu um inquérito policial militar para apurar a abordagem realizada antes do desaparecimento. (leia nota abaixo).
Sobre o incêndio, a investigação é de responsabilidade do Departamento de Polícia Metropolitana.
— O objetivo principal, inicialmente, é apurar a autoria desse crime. É um crime muito grave, que acabou repercutindo nacionalmente. Claro que a motivação vai vir na investigação policial, mas o principal objetivo é coletar essas provas iniciais, fazer encaminhamentos periciais e autoria do crime — disse a diretora do DPM, delegada Adriana Regina da Costa.
O caso
Dois ônibus foram incendiados no início da noite deste domingo (19) na esquina entre as avenidas João Pessoa e Princesa Isabel, no bairro Azenha. Segundo a Brigada Militar, uma manifestação ocorreu na região. Ao chegar ao local, uma viatura foi recebida a pedradas — conforme o relato dos militares — e, em seguida, os veículos foram incendiados.
De acordo com testemunhas, os passageiros foram orientados a descer dos veículos antes de as chamas começarem. Segundo uma testemunha que passava de carro pelo local, no momento em que um galão com gasolina foi atirado no ônibus, houve muita correria de pessoas saindo do veículo e também do entorno.
Durante a manhã desta segunda (20), o policiamento permanecia reforçado na região. Nos três acessos do condomínio, policiais controlavam a entrada e saída, com revista de todos os moradores e carros.
Nota da Brigada Militar
Na noite de ontem (19/5), a Brigada Militar foi acionada para atender uma ocorrência de incêndio em ônibus localizado na Avenida Princesa Isabel, n°160, em Porto Alegre.
Aproximadamente 50 pessoas bloquearam a via e lançaram um artefato incendiário, possivelmente um coquetel molotov, com o intuito de inflamar dois ônibus. As chamas foram prontamente contidas pelo Corpo de Bombeiros, enquanto a Brigada Militar assumiu a responsabilidade pela segurança do perímetro.
A ocorrência foi encerrada durante a madrugada. Policiamento especializado está sendo mantido no local para garantir a ordem no local. A motivação do protesto seria relacionada a uma abordagem realizada pela BM que está sendo investigada através de um Inquérito Policial Militar instaurado ontem, para apuração.