Por volta do meio-dia, a professora Eliane Quevedo, 51 anos, cruza a Praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre, um tanto tensa. Não deixa o celular à vista e não carrega o aparelho nem mesmo dentro da bolsa, por receio de que também possa ser levada por criminosos.
— Sempre que posso, evito passar por aqui — afirma.
Perto dali, uma familiar dela foi assaltada e ainda lida com os traumas, segundo Eliane. O Centro Histórico é o bairro da Capital com maior número de assaltos a pedestres no primeiro semestre deste ano. Foram 948 registros, ou seja, em média, pelo menos cinco por dia. O número cresceu ligeiramente em relação ao ano passado, quando foram 889.
O fluxo de pessoas que circula diariamente pelo Centro, vindos da própria Capital, da Região Metropolitana ou mesmo do Interior, é apontado como principal fator para a concentração de crimes nessa região. Os pedestres acabam ficando mais vulneráveis aos criminosos, que se aproveitam desse alto fluxo para cometer os roubos.
— Os locais de maior risco são onde circulam as pessoas, principalmente aonde o delinquente pode encontrar possibilidade de se misturar na multidão — alerta o coronel Luciano Moritz Bueno, comandante do Comando de Policiamento da Capital.
O segundo bairro a aparecer na lista é o Rubem Berta, na Zona Norte, onde foram 310 casos e houve queda de 24,4% no comparativo com mesmo período do ano passado. Ali perto, o Sarandi também teve diminuição nos casos. Os dois bairros concentram o maior número de moradores da Capital.
— Estamos com diversas operações nessas regiões no combate ao crimes violentos letais intencionais, o que consequentemente reflete na redução de outros indicadores criminais — afirma o coronel.
De maneira geral, Porto Alegre teve diminuição nos roubos de pedestres no primeiro semestre. Foram 6.150 registros, uma redução de 5,5% no comparativo. Dos 10 bairros com maior número de casos, cinco tiveram aumento e a outra metade teve redução. Quatro bairros ficam na Zona Norte e quatro na área central.
Cidade Baixa tem aumento de casos
Na região central, está a Cidade Baixa, que teve o maior aumento entre os 10 bairros com maior número de casos. Foram 214, enquanto tinham sido 172 nos primeiros seis meses no ano passado — aumento de 24,4%. Diretor da Delegacia de Polícia Regional de Porto Alegre, o delegado Cléber Lima não vislumbra fatores que possam ter impactado no aumento na Cidade Baixa, mas ressalta que essa é uma área de alta circulação de pessoas.
— É uma região onde há muitos bares, especialmente na (Rua) Lima e Silva, engloba também o entorno da UFRGS, a Sarmento Leite. Durante a noite, há muita circulação de pessoas. O fator é semelhante ao do Centro — afirma.
Eliane reside na Cavalhada, que aparece em 18º na lista, com 82 casos, e relata que lá se sente bem mais segura. Na Zona Sul, o único bairro que está entre os 10 com mais assaltos a pedestres é a Restinga, que teve 129 registros nesse primeiro semestre — uma redução de 17,3% em comparação com mesmo período do ano passado. O bairro também está entre os que concentram maior população da Capital.
Dicas
- Não manuseie aparelhos de celular em locais de grande concentração de pessoas. Isso faz com que a própria vítima perca atenção ao seu redor e também desperta a atenção dos bandidos.
- Se precisar utilizar o celular na rua, procure ingressar em algum comércio, como uma loja.
- Evite deixar expostos itens como joias ou relógios, que podem despertar o interesse dos criminosos.
- Cuide para que bolsas e mochilas permaneçam fechadas e no seu campo de visão.
- Evite permanecer sozinho em paradas de ônibus, especialmente à noite.
- Quando estiver caminhando pela rua, fique atento a quem está ao seu redor. Se possível, evite trechos com pouco movimento ou baixa iluminação.
- Se for vítima de roubo, tente manter a calma, e evite reagir. Procure a Brigada Militar ou a Polícia Civil e registre o fato.
Fonte: Polícia Civil-RS e Brigada Militar