A Polícia Civil deflagrou, nesta quarta-feira (24), operação contra uma quadrilha investigada por realizar pelo menos cinco furtos em bancos do Rio Grande do Sul neste ano. O caso mais recente ocorreu na semana retrasada, na cidade de Três Passos, no noroeste gaúcho.
Conforme a investigação, os criminosos — que são da Região Metropolitana — passaram um fim de semana inteiro dentro da agência do Banco do Brasil no município. O arrombamento só foi descoberto na segunda-feira posterior.
Na manhã desta quarta, um homem de 26 anos foi preso em Alvorada, na Região Metropolitana. Na residência dele, foram apreendidos R$ 60 mil, sendo que mais de R$ 20 mil escondidos no banheiro.
Os agentes cumpriram outros 12 mandados de busca e apreensão no mesmo município, mas também em Porto Alegre, Viamão e Cachoeirinha. São pelo menos cinco investigados por ataques em Três Passos, Pelotas, Charqueadas e na Capital.
Todos os suspeitos têm entre 26 e 54 anos e vários antecedentes criminais. Um deles, por exemplo, tem diversas passagens pela polícia por furto a estabelecimento bancário — alguns junto com comparsas desta mesma quadrilha, mas há casos de quando ele pertencia a outros grupos.
Os demais investigados também já estiveram envolvidos em outros delitos, como tráfico de drogas, clonagem de veículos, furto e roubo a estabelecimentos comerciais, além de homicídio. Eles tiveram os pedidos de prisão indeferidos pela Justiça.
Em relação ao furto ocorrido em Três Passos, o titular da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado João Paulo de Abreu, diz que alguns dos investigados já estiveram envolvidos em outro furto ao Banco do Brasil da cidade, em 2017. Ele acredita que, por isso, resolveram voltar à mesma agência.
Segundo a polícia, a participação de todos os envolvidos no ataque em Três Passos foi confirmada após um deles ter sido identificado e preso por agentes da delegacia local. Dessa forma, foi possível obter informações sobre os demais.
O delegado Abreu ressalta que o suspeito detido na ocasião é da cidade do Noroeste e teria dado apoio logístico à quadrilha da Grande Porto Alegre. Ele ainda é investigado por dar abrigo em sua residência a vários ladrões de outros locais que agem na região.
Na casa dele, a polícia localizou R$ 1,2 mil que estavam guardados dentro de embalagens plásticas do Banco do Brasil. Abreu diz que seria dinheiro levado da agência no final de semana retrasado (o total subtraído do estabelecimento é estimado em R$ 1,7 milhão).
— Um fato nos chamou a atenção e deu nome à "Operação Legacy", ou seja, legado. Um dos alvos preso em flagrante, em outro furto na mesma agência de Três Passos, em 2017 atuou, na ocasião, com o pai de outro alvo nosso, apontado por ter furtado o mesmo banco na semana retrasada — diz Abreu.
O delgado informa que acionou o Instituto-Geral de Perícias (IGP), e peritos coletaram vestígios em locais de busca durante a operação desta quarta-feira, assim como na agência bancária um dia após a ocorrência. O objetivo é obter mais provas contra os criminosos.
—A investigação ocorreu de forma célere, graças à intensa troca de informações com a delegacia de Três Passos, circunstância que permitiu a identificação rápida de outros quatro envolvidos, além do indivíduo que já havia sido preso dois dias após o fato. A investigação está estruturada numa linha muito sólida, com imagens coletadas em diversos pontos do Estado, o que nos garante uma certeza da autoria. As provas coletadas corroboram as diversas informações oriundas dos canais de inteligência — afirmou o delegado Eibert Moreira Neto, diretor da Divisão de Investigação Criminal do Deic.
Demais furtos neste ano
Um dos crimes atribuídos ao grupo ocorreu no dia 9 de janeiro no Banco do Brasil da Avenida Padre Chagas, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Na ocasião, os bandidos fizeram um túnel de papel para não serem flagrados pelas câmeras e furtaram cerca de R$ 500 mil.
Alguns dos suspeitos foram presos durante a investigação e houve uma operação do próprio Deic, ocorrida em março, em relação a este fato. Na sequência, houve outro furto a uma agência do Banco do Brasil em Pelotas, no sul do Estado. Neste caso, quatro suspeitos foram detidos pela Brigada Militar.
Abreu ressalta que, no mês de abril, houve um novo ataque, mas o furto não foi consumado. A mesma quadrilha tentou arrombar uma agência do banco Itaú na Avenida Benjamin Constant, na zona norte da Capital. Dez dias depois, o grupo furtou o Banrisul de Charqueadas.
Além destes cinco fatos já confirmados, está sendo apurado se os criminosos também estiveram envolvidos em outros furtos que, ainda precisam de mais confirmações: em Caçapava do Sul, em janeiro, e em Palmeira das Missões, em fevereiro.
Todos os casos seguem sendo investigados, e a suspeita é de que tenham sido cometidos pela mesma quadrilha. Abreu não descarta outros furtos pelo Estado.