O jovem de 23 anos suspeito de assassinar o advogado Tadeu Pavoni, 46 anos, em Lajeado, no Vale do Taquari, na noite de terça-feira (24), poderá passar por avaliação psiquiátrica. A informação é do delegado Márcio Moreno, que concedeu entrevista coletiva sobre o caso na tarde desta quarta-feira (25), na sede da delegacia da cidade. O fato aconteceu por volta das 20h em um condomínio da Rua Bento Gonçalves, no bairro Hidráulica.
Apesar de ainda ter cautela na divulgação de informações sobre a investigação, o delegado afirmou que o suspeito apresentava riscos. A percepção de Moreno está baseada nos itens apreendidos junto ao investigado: um simulacro de pistola, um facão e oito flechas, além da besta, utilizada por ele para disparar flechas contra os vizinhos, e de um canivete utilizado para atingir a vítima.
— É uma pessoa que estava esperando o momento para agir com violência — comentou o delegado.
O suspeito, que não teve a identidade informada, será investigado por homicídio doloso qualificado, já que possui motivo fútil, segundo o delegado. O homicídio doloso se configura quando o autor quer ou assume o resultado do ato.
— A princípio, o crime não tem nenhuma justificativa. A qualificadora é de elemento subjetivo, pela banalidade da agressão — explicou.
Relembre o caso
O jovem era morador do condomínio, mas não participava da reunião que ocorria no andar térreo. De acordo com a polícia, ele começou a atirar flechas com uma besta da janela do seu apartamento por acreditar que os vizinhos estariam falando mal dele.
Na sequência, desceu e foi ao encontro do grupo de 10 pessoas. Foi então que iniciou uma discussão com a vítima, atingindo-a com golpes de canivete. A vítima chegou a ser socorrida e levada ao hospital, mas morreu por volta das 5h desta quarta-feira. A Polícia Civil não confirma que o advogado era morador do condomínio. A informação, conforme o delegado, ainda está em apuração.
O jovem foi preso em flagrante e encaminhado ao Presídio Estadual de Lajeado, onde está detido preventivamente. O delegado acrescentou que ele não tem antecedentes criminais ou fatos negativos “relevantes”. Entretanto, vizinhos relataram à polícia que o suspeito não possuía boa relação com os demais moradores do condomínio.
A vítima portava uma pistola calibre .38 com 16 munições intactas na cintura. O delegado, no entanto, garante que a arma era registrada e que o advogado possuía autorização para porte intramuros.
— Quando você está em curta ou média distância e você tem uma arma branca, a vantagem é de quem tem uma arma branca. Muitas vezes, pela aproximação, a arma branca, uma faca, um punhal, se torna mais efetiva, ao contrário do que muitas pessoas acreditam — esclarece o delegado.
A polícia ainda não apurou a origem da besta utilizada pouco antes do homicídio, mas Moreno garante que é um instrumento com “eficácia para ferir uma pessoa”.
Advogado morto já atuava na OAB
A OAB/RS divulgou uma nota de pesar na qual lamenta o o falecimento do advogado. Ele era integrante do Tribunal de Ética da entidade e ex-secretário-geral da subseção de Lajeado.
Confira a nota na íntegra:
“A OAB/RS lamenta o trágico falecimento do advogado, membro do Tribunal de Ética da entidade e ex-secretário-geral da subseção de Lajeado, Tadeu Pavoni, ocorrido na noite da terça-feira (24).
Neste momento de consternação, o presidente da Ordem gaúcha, Leonardo Lamachia, lastima a perda e expressa suas condolências aos familiares e amigos do advogado. 'Um fato muito triste para a advocacia gaúcha. Lamentamos a perda de um colega dedicado à profissão e que teve relevantes serviços prestados para a OAB/RS, atuando na subseção de Lajeado e, mais recentemente, no TED', disse.
Além disso, a entidade reforça que está em permanente contato com a OAB Lajeado, prestando todo o apoio necessário.”