Os seguranças flagrados torturando dois homens que estariam furtando peças de picanha de um supermercado de Canoas, trabalhavam irregularmente no local. A empresa Glock, que prestava o serviço de segurança no estabelecimento, não teria registro para esta atividade junto à Polícia Federal, o que é obrigatório.
“A Polícia Federal realizou diligências que comprovaram o exercício das atividades de segurança privada de modo totalmente irregular e iniciou o processo administrativo de encerramento das atividades da empresa, que culminará na cassação do registro de seu CNPJ. Os respectivos processos criminais são de responsabilidade da Justiça Estadual”, informou a PF em nota. A Glock estaria registrada como uma empresa de portaria e limpeza.
A reportagem procurou as empresas, para posicionamento. A Glock, por meio do advogado Willian Alves, informou que preferia não responder aos questionamentos enviados. A Rede UniSuper disse que confia no trabalho da polícia e que segue aguardando a conclusão do inquérito pelas autoridades. A varejista já havia informado que rompeu o contrato com a empresa de segurança e demitiu os funcionários envolvidos.
Inquérito civil pode ser concluído até a próxima semana
De acordo com o delegado Cassiano Cabral, diretor da Divisão de Homicídios da Região Metropolitana, a previsão é que o inquérito seja concluído até a próxima semana. Cabral diz que as vítimas foram ouvidas novamente nesta quarta-feira (7). Os responsáveis pelo supermercado também serão ouvidos novamente.
O caso aconteceu em outubro, mas repercutiu agora com a divulgação de vídeos das câmeras de vigilância do mercado, que teriam sido apagados, mas foram recuperados pela perícia, no decorrer da investigação.
Há sete suspeitos das agressões: um gerente e um subgerente do UniSuper, já demitidos, segundo a empresa, dois seguranças da empresa Glock, dois brigadianos de Porto Alegre e um PM da reserva. Os crimes apurados são tortura, omissão de socorro (uma das vítimas teve ferimentos graves) e ocultação de provas (pela suposta exclusão das imagens), além de danos (por quebrarem celulares das vítimas) e possível extorsão, já que os suspeitos teriam exigido dinheiro para liberar os dois homens agredidos. Um Inquérito Policial Militar foi instaurado pela Brigada Militar para investigar a conduta dos PMs envolvidos.