A possível ligação entre a morte de quatro pessoas na zona norte de Porto Alegre e um assassinato em uma cidade de Santa Catarina, todas ocorridas no último dia 4, é investigada pela Polícia Civil. A principal linha de investigação das equipes da capital gaúcha aponta que os homicídios teriam sido cometidos em razão de uma briga interna, entre criminosos da mesma facção, em disputa pelo controle do tráfico de drogas na região.
A primeira morte registrada foi de Bruno Dias da Silva, na tarde do dia 4, dentro de um supermercado de Forquilhinha, em Santa Catarina. Ele teria se mudado do RS para a cidade catarinense há cerca de um ano, onde comprou o supermercado.
Segundo a polícia, Silva teve envolvimento com o tráfico de drogas no passado, e há suspeita de que ainda seria responsável por alguns pontos no RS. Ele era irmão de um dos líderes do tráfico da Zona Norte, conforme a investigação. No dia da morte, um homem ingressou no mercado e caminhou até os fundos do local, onde estava Silva, que foi baleado.
A reportagem entrou em contato com a delegacia de Forquilhinha, responsável pela apuração da morte, que informou que não irá divulgar mais detalhes do caso neste momento, para não atrapalhar as investigações.
Ainda no dia 4, à noite, outras quatro pessoas foram mortas em Porto Alegre, em dois ataques, na Zona Norte. Ao menos três delas tinham envolvimento com o tráfico na região e a outra seria usuária e estaria no local para adquirir drogas.
— Acreditamos que a pessoa que foi morta em Santa Catarina ainda tinha ligação com o grupo criminoso daqui do Estado. Ele estaria vivendo a vida como empresário, dono de supermercado, em solo catarinense há pouco tempo. O homicídio lá pode ter ligação com as quatro mortes registradas aqui, é provável, mas não necessariamente a chacina ocorreu como uma reação, pode ter sido parte da mesma ação. Tudo está sendo investigado — explica o delegado a frente do inquérito sobre as mortes na Capital, Gabriel Lourenço, da 5ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
4 mortes, 2 ataques
Em Porto Alegre, as mortes ocorreram em dois ataques realizados na mesma noite. Em um deles a vítima foi Kimberli Shaiane Marques da Silva, 21 anos, que estava grávida. Ela foi encontrada morta na Rua Wolfram Metzler, no bairro Rubem Berta. Conforme a polícia, a mulher seria chefe de um ponto de drogas na região. Segundo a investigação, ela estaria tentando se desvincular do crime há algum tempo. As equipes acreditam que o ataque poderia ter como alvo o marido dela, também gerente do tráfico local.
Naquela noite, o ponto de drogas que seria chefiado por Kimberli também foi atacado, na Rua Afonso Moacir Cerioli. No local, outras três pessoas foram mortas: dois homens, de 43 e 41 anos, e outra mulher, de 21. Conforme a investigação, o homem de 43 seria um traficante local. Das outras duas vítimas, uma teria envolvimento com o tráfico e outra seria usuária de droga — ela estaria no local para comprar as substâncias e acabou sendo morta. Até o momento, ninguém foi preso pelas mortes.
Conforme o delegado Lourenço, a principal hipótese para as quatro mortes é de que duas lideranças da mesma facção, que atua na região, estariam disputando o comando do tráfico naquele ponto. Segundo ele, até o momento, não há indícios de envolvimento de um segundo grupo criminoso nos assassinatos.
— As mortes teriam ocorrido em razão de uma disputa interna, pelo domínio do tráfico nessa região. Uma briga entre dois líderes do mesmo grupo criminoso que, antes, tinham uma relação estável, mas em razão de alguns acontecimentos, que ainda são apurados, se estabeleceu uma animosidade e ocorreram esses ataques — afirmou Lourenço no dia seguinte aos ataques.