Uma operação deflagrada na manhã desta terça-feira (5) pela Polícia Civil tem como alvo uma organização criminosa especializada em golpes, como falsificações e estelionatos. O grupo, que atuava na Região Metropolitana, fez ao menos 200 vítimas em um período de dois anos — mas a investigação busca identificar mais pessoas que possam ter sido lesadas.
Até as 11h30min, 11 pessoas já haviam sido presas na Operação Gravataí Papers II — oito foram detidas preventivamente, e outras três, em flagrante por porte de armas e receptação. As prisões ocorreram em Cachoeirinha, Gravataí, Canoas, São Leopoldo e Florianópolis, em Santa Catarina.
Foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão — os agentes apreenderam dois fuzis e munição, além de documentação, farda da Brigada Militar e roupas da Polícia Civil. Pelo menos 10 veículos já foram apreendidos, mas o total ainda está sendo contabilizado. Também foram feitos bloqueios de contas de pessoas físicas e jurídicas.
A operação é coordenada pela Delegacia de Polícia de Investigação de Crimes Carcerários (Dicar) da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).
Acesso a banco de dados e conexão com o tráfico
Titular da Dicar, o delegado Gabriel Bicca classifica a organização criminosa como especialista em golpes. Por meio da internet, o grupo adquiria bancos de dados de instituições públicas e privadas e, de posse das informações, conseguia praticar crimes como falsificações e estelionato.
Um dos golpes envolvia o sequestro de identidade: os criminosos conseguiam dados de uma pessoa, abriam uma conta bancária no nome dela e faziam movimentações. Em determinado momento, pediam um empréstimo e a vítima descobria um tempo depois que estava no SPC, por exemplo.
Em outros casos, o grupo anunciava um carro em um site e fazia toda a documentação falsificada. Quando a vítima ia retirar o veículo, descobria que era roubado e que os documentos tinham sido adulterados.
O delegado diz que a organização lucrou ao menos R$ 20 milhões em um período de dois anos, mas que esse valor pode ser muito maior — o que será contabilizado ao longo da investigação. Chama a atenção que o grupo tinha conexão e servia de suporte empresarial a criminosos ligados ao tráfico e a outros crimes, como homicídios.
— Eles giravam dinheiro do tráfico, de homicídios, de roubos a banco. Davam suporte para a atuação deste grupo ao qual eram ligados e aproveitavam esse dinheiro para alavancar os golpes.
Dois gerentes de bancos foram afastados para que a investigação tenha continuidade — eles são suspeitos de facilitarem a atuação dos criminosos. Os nomes deles e das instituições não foram divulgados.
No total, cerca de 180 policiais participam da ação, que conta com apoio da Brigada Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Polícia Civil/SC.