Na tentativa de frear o aumento dos assassinatos em Rio Grande, onde esse crime mais do que dobrou em janeiro, o governo do Estado anunciou nesta terça-feira (25) reforço de 90 policiais militares e deslocamento de cinco agentes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para o município. O tráfico de drogas é apontado como um dos principais fatores para a escalada violenta na cidade do sul do RS.
O detalhamento das medidas foi feito ainda pela manhã, após reunião que levou a cúpula da segurança pública do Estado até Rio Grande. Dos 90 policiais militares que reforçarão as ações da Brigada Militar, 65 integram o Batalhão de Polícia de Choque, com sede em Pelotas. Para dar mais fôlego às apurações dos homicídios, cinco agentes do DHPP também permanecerão no município enquanto for necessário.
No encontro, a cúpula da segurança analisou, junto das autoridades policiais locais, os homicídios na cidade. O aumento nos crimes é percebido pelas forças da segurança desde dezembro, quando foram registrados sete homicídios em Rio Grande. O mês de janeiro manteve a elevação, com 11 casos – no mesmo período de 2021 foram cinco. As investigações preliminares apontam que pelo menos seis assassinatos tiveram relação direta com o tráfico de drogas.
– O ano de 2021 foi de redução nos crimes contra a vida em Rio Grande, e com auxílio do monitoramento diário dos crimes pelo Geseg (Gestão de Estatística em Segurança), estamos executando ações imediatas para conter a criminalidade – afirmou o vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, em referência ao fato de que o município encerrou o ano passado com 28 assassinatos, e em 2020 tinham sido 34.
Outras medidas foram debatidas durante o encontro foram os planos de implantação de uma delegacia especializada na região na investigação de homicídios e a análise da necessidade de remoção de presos para penitenciárias federais. Também foram debatidas outras medidas voltadas ao sistema penitenciário, como uso de tornozeleiras eletrônicas em presos do semiaberto e reconstrução de um albergue.
Além do vice-governador, do prefeito Fábio Branco e das autoridades locais, que já participam do nível municipal da análise dos indicadores, a reunião teve a presença do subcomandante-geral da Brigada Militar (BM), coronel Cláudio dos Santos Feoli, da chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, do comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Luiz Carlos Soares Neves Júnior, da diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias, perita Heloisa Helena Kuser, e do secretário da Justiça e dos Sistemas Penal e Socioeducativo (SJSPS), Mauro Hauschild.
Nova manifestação por morte de entregador
O caso mais recente de homicídio em Rio Grande aconteceu na noite do último sábado (22), quando o entregador Denilson Silveira Cordeiro, 24 anos, foi morto a tiros no bairro Vila Maria. O jovem, que era casado e pai de uma menina de 11 meses, estava trabalhando quando foi alvejado por atiradores.
A principal suspeita da Polícia Civil, que investiga o caso, é de que ele tenha sido confundido por algum grupo criminoso como um rival e executado por engano. Denilson, que era conhecido como Bê, não tinha antecedentes criminais e nada teria sido levado dele durante o crime — o que afasta a hipótese de latrocínio (roubo com morte).
Na manhã desta terça-feira, os familiares e amigos do jovem foram até a frente da prefeitura de Rio Grande para realizar manifestação pedindo justiça pelo crime. Os manifestantes levaram cartazes com frases como “Justiça por todos” e “Diga não à Impunidade”. A esposa do entregador participou do protesto levando a filha no colo e um cartaz com a mensagem “#Justiça pelo meu pai”. Ainda na segunda-feira (24), durante o enterro, outros entregadores do município já tinham realizado protesto pelas ruas da cidade.