No último domingo (5), Luana Gracieli de Souza Lounai, 19 anos, almoçou com o companheiro na casa de familiares dele, no Vale do Taquari. Horas depois, a jovem foi encontrada com um disparo no rosto dentro da casa onde vivia, em Bom Retiro do Sul, chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. A polícia tenta agora descobrir o que aconteceu nesse meio tempo, que resultou na morte da mulher.
O suspeito, Thales Vinicius Ribeiro, 22 anos, com quem ela mantinha relacionamento, está foragido. O caso é tratado pela Polícia Civil como um possível feminicídio, quando a mulher é morta em contexto de gênero. No entanto, a defesa do companheiro tem outra versão para o caso, e alega que a morte se deu durante disparo acidental (leia abaixo).
O delegado Juliano Stobbe, responsável pela investigação, diz que a polícia tenta apurar o que motivou o crime e como se deu a dinâmica. A jovem não tinha registro de violência doméstica contra o companheiro e os primeiros familiares ouvidos - novas pessoas ainda prestarão depoimento - não perceberam mudança no comportamento do casal.
– Não sabemos ainda a motivação. Eles estavam bem no relacionamento. Almoçaram no domingo com os pais dele. Em tese, estavam tranquilos, conversando, bem. Os pais dele disseram que nem sequer sabiam o filho tinha arma – afirma o policial.
Na segunda-feira (6), o companheiro da jovem fez contato com a equipe da Polícia Civil de Bom Retiro do Sul e informou que se apresentaria. No entanto, isso não aconteceu até o momento. Segundo o delegado, Ribeiro já possui antecedente por tráfico de drogas, crime pelo qual esteve preso, e neste momento é considerado foragido.
– A principal suspeita recai sobre o companheiro, que inclusive fez esse contato no sentido de se apresentar, acompanhado de advogado. Mas resolveu não fazer – diz Stobbe.
Ainda conforme a polícia, Luana e o companheiro moravam juntos na casa localizada na Rua Reinaldo Noschang, no bairro Goiabeira, onde ela foi encontrada ferida. No início da noite de domingo, por volta de 18h30min, um vizinho ouviu um disparo de arma de fogo e foi até a casa. No local, encontrou a jovem deitada na cama, com um travesseiro cobrindo o rosto. Quando descobriu a cabeça dela, percebeu que estava ferida. O disparo teria atingido o olho direito da jovem, que ainda chegou a ser socorrida, mas morreu logo depois.
Além do vizinho e de familiares, a polícia também ouviu um taxista, que teria sido responsável por transportar o companheiro de Luana após o crime. O motorista relatou à polícia o local onde havia deixado o passageiro, mas o homem não foi localizado. A arma utilizada no crime também não foi encontrada até o momento. A casa onde eles viviam passou por análise da perícia, em busca de vestígios do crime.
– Ainda vamos ouvir outras pessoas e queremos ouvir ele também, que é nosso principal suspeito – afirma o delegado.
A vítima
A jovem era natural de Estrela, também no Vale do Taquari, mas morou em Fazenda Vilanova com os pais até a adolescência. Depois disso, residiu em Estrela e em Bom Retiro do Sul, onde vivia atualmente. Luana, que mantinha uma lojinha virtual de produtos, como cosméticos e bijuterias, completaria 20 anos ainda neste mês. Ela não tinha filhos.
Luana teve o corpo velado na segunda-feira e o enterro foi realizado no fim da tarde no Cemitério Municipal de Fazenda Vilanova – município vizinho a Bom Retiro do Sul. No mesmo dia, a Câmara de Vereadores de Fazenda Vilanova suspendeu a sessão porque a jovem era familiar de dois vereadores.
"Foi uma fatalidade", alega defesa de companheiro
O advogado Evandro Mariani, responsável pela defesa de Ribeiro, diz que o cliente sustenta que a morte de Luana aconteceu de forma acidental.
– Foi uma fatalidade. Ela estava sentada na cama, estavam conversando. Ele estava com uma arma, um revólver, na cintura. E em algum momento, ela pediu par ver a arma, e quando ele foi tirar e mostrar para ela, disparou. Acertou no olho. Ela teria caído desfalecida. Ele se desesperou – afirma.
O advogado alega que o casal mantinha um relacionamento estável, havia cerca de três anos, e que não tinha episódios de brigas. Mariani afirma que o cliente decidiu deixar o local porque acreditou que não havia mais como socorrer Luana e porque tinha receio de ser preso. Ribeiro havia recebido liberdade provisória no último dia 16 de julho, após ser detido por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. Ele segue respondendo a processo na Justiça por este crime.
– Na condição em que ele está, se desesperou, pensando que seria preso novamente. Não foi em momento algum um ato de atentar contra a vida dela. Foi uma fatalidade sim e vamos trabalhar para esclarecer isso no curso da instrução processual.
Sobre o fato de Ribeiro estar foragido, o advogado diz que ele foi orientado a se apresentar à polícia, mas que a decisão sobre o que fazer neste caso cabe ao cliente.