O menino Miguel dos Santos Rodrigues, de sete anos, segue desaparecido desde 29 de julho. Desde então, há 13 dias, o Corpo de Bombeiros continua fazendo buscas no litoral norte gaúcho. A mãe dele, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, 26 anos, foi presa em Imbé após dizer ter espancado o próprio filho até a morte e jogado o corpo no Rio Tramandaí. A madrasta de Miguel, Bruna Nathiele Porto da Rosa, de 23, foi presa no dia 2 de agosto.
Nesta terça-feira (10), mesmo com chuva, equipes do Corpo de Bombeiros realizam mais um dia de varredura pela orla. A suspeita é que o corpo tenha ido do rio ao mar e possa ter voltado para a beira da praia por força da corrente marítima. GZH acompanhou uma das equipes nas buscas.
Numa caminhonete com tração quatro por quatro, os soldados Anaiara de Souza e Willian Pablo da Rosa Mazuhy percorriam as areias de Tramandaí e Imbé. O binóculo era usado para ter uma visão ampla para dentro do mar. Cada pelotão dos Bombeiros do litoral fica responsável pelas buscas na sua área de atuação. Anaiara e Willian ficaram responsáveis pelo trecho da orla ao sul, entre Tramandaí e Salinas, em Cidreira, e ao norte, entre Imbé e Capão da Canoa. O trabalho tem sido realizado em toda região, de Torres a Mostardas.
— Qualquer suspeita de algo diferente, se para a viatura e tenta uma visão melhor — relata o chefe da guarnição de serviço, 1º sargento Hércio Vergínio Moreira Júnior.
Em caso de algo suspeito encontrado dentro do mar, a mesma equipe pode retornar para a base para buscar uma embarcação ou chamar alguém do quartel com os equipamentos necessários para o local.
Corpo pode ter ido mais longe
Morador de Osório, Álvaro Rosa de Oliveira, 53 anos, terminava de pescar com o filho Igor Lima de Oliveira, 18, e o sobrinho Ariel Lopes da Silveira, 23 anos, na beira da praia de Imbé enquanto os Bombeiros buscavam alguma pista de Miguel. Disse que sempre fica atento para auxiliar nas buscas.
— Eu pesco aqui sempre. Acho difícil que apareça por aqui depois de todo esse tempo. Mas estamos aqui também para ajudar — disse o pescador.
Oliveira também estava na região quando, em 2019, um surfista desapareceu. Diz que também tentou ajudar nas buscas. O corpo acabou sendo encontrado três meses depois no litoral sul de São Paulo.
— É uma coisa eu não se faz pra ninguém. O que ela (mãe de Miguel) fez não é de um ser humano — lamentava Igor.
Segundo Silveira, nos primeiros dias do desaparecimento de Miguel, evitaram pescar.
— Imagina se a gente encontrasse o corpo. É muito forte — disse o jovem.
A mãe e a madrasta foram indiciadas por homicídio duplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver. Apesar da confissão de Yasmin, a defesa dela diz que ela, agora, nega a autoria. O advogado dela, Jean Severo, diz que sua cliente não vai participar da reconstituição simulada dos fatos nem prestar novo depoimento.
— Ela disse pra mim ser inocente e vai contar tudo que aconteceu ao magistrado de Ttamandaí — disse Severo.
No caso de Bruna, o advogado Luiz Paulo Cardoso diz que aguarda laudo psiquiátrico de sua cliente.
— Ela tem uma posição de total insegurança ao que fala. Ela tem uma visível patologia psicológica e psiquiátrica. Antes ela já fazia tratamento. Ela vai ser submetida à avaliação e aí vai vir o laudo dizendo se ela é inimputável e semi-inimputável.