A mãe que arremessou uma recém-nascida pela janela de um ônibus em movimento em Panambi, no noroeste do Estado, foi denunciada por tentativa de homicídio pelo Ministério Público, nesta quarta-feira (21). Hoje também completa 21 dias em que a bebê, chamada de Ana Vitória pela equipe que está cuidando dela, está hospitalizada em Santa Rosa. O estado da menina ainda é grave, porém estável.
O promotor de Justiça Fernando Freitas Consul, de Panambi, na denúncia, descreve que “o homicídio não se concretizou em razão do socorro prestado por policiais militares que foram acionados por pessoas que trafegavam pelo local. Os policiais levaram a bebê, que teve hematomas, escoriações e fissuras cerebrais, além de fratura da região parietal no crânio, para o hospital de Panambi. De lá, foi transferida para o município de Santa Rosa, onde foi internada em um leito de UTI neonatal”.
Segundo Consul, o crime praticado pela mãe da recém-nascida foi qualificado como de motivo fútil, pois a denunciada pretendia ocultar da família e de todos a existência da filha, porque acreditava não reunir condições financeiras para criá-la; meio cruel, dado que a criança foi arremessada pela janela do ônibus, dentro de um saco de lixo, com o veículo em movimento e em um dia que os termômetros marcavam a temperatura próxima a 1ºC, causando hipotermia; e mediante recurso que impossibilitou a defesa da bebê, já que, em razão da idade, em seus primeiros minutos de vida, não poderia esboçar qualquer resistência.
Quadro de saúde
Conforme a assessoria de imprensa do Hospital Vida & Saúde, de Santa Rosa, a menina, que ganhou o nome de Ana Vitória, é monitorada por uma equipe multidisciplinar na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
A história da pequena mobilizou as comunidades de Panambi e Santa Rosa. Em ambos os municípios, voluntários arrecadaram doações de itens diversos para doar à bebê, como fraldas, por exemplo.
O caso ocorreu na madrugada do dia 30 de junho. A mãe, uma jovem de 20 anos, foi presa preventivamente no dia seguinte. À Polícia Civil, ela contou que entrou em trabalho de parto dentro do coletivo intermunicipal e que não sabe quem é o pai da criança — motivo que a levou a jogar a bebê pela janela. No banheiro e em um dos assentos, foram encontradas manchas de sangue.
A Brigada Militar prestou os primeiros socorros à menina. Quando chegou ao hospital de Panambi, a bebê, de, então, 46 centímetros e 2,7 quilos, estava hipotérmica, com o coração batendo mais fraco do que o normal e apresentava hematomas e traumatismo no crânio. Por este motivo, foi transferida para Santa Rosa.