Uma operação policial na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio, deixou pelo menos 25 pessoas mortas nesta quinta-feira (6). De acordo com o site G1, citando informações do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da plataforma Fogo Cruzado, e o jornal O Globo, com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), é a operação mais letal da história da cidade, superando os 19 mortos em uma ação no Complexo do Alemão em 2007. A operação segue em andamento.
A ação da Polícia Civil investigava suposto aliciamento de crianças e adolescentes e o sequestro de trens da SuperVia pela maior facção do tráfico no Estado, o Comando Vermelho. Dez pessoas haviam sido presas até o início da tarde, dentre os 21 mandados a serem cumpridos.
"Com base em informações preliminares, foi deflagrado um trabalho de inteligência pelo Setor de Busca Eletrônica da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), onde, após a quebra dos dados telemáticos autorizados pela Justiça, foram identificados 21 integrantes da quadrilha, todos responsáveis por garantir o domínio territorial da região com utilização de armas de fogo. Foi possível caracterizar a associação dessas pessoas com a organização criminosa que domina a região, onde foi montada uma estrutura típica de guerra provida de centenas de “soldados” munidos com fuzis, pistolas, granadas, coletes balísticos, roupas camufladas e todo tipo de acessórios militares", afirmou a Polícia Civil em nota.
Entre os mortos está um policial militar que foi baleado na cabeça. André Frias, que integrava a Delegacia de Combate às Drogas, foi baleado, chegou a ser levado para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu. As outras vítimas, segundo a Polícia Civil, são suspeitos de integrarem a facção.
Operação começou por volta das 6h
A operação, batizada de Exceptis, começou por volta das 6h, quando moradores já relatavam a presença de helicópteros sobrevoando a região e de intensa troca de tiros. Além dos mortos, houve feridos — uma pessoa foi baleada no pé em casa e dois agentes foram atingidos, assim como passageiros dentro da estação de metrô de Triagem, da linha 2.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram a janela de uma das composições do modal, que naquele trecho circula na superfície, com uma marca de tiro. O Metrô Rio informou que uma pessoa foi ferida por estilhaços de vidro; a outra, de raspão no braço.
Por causa do tiroteio, trens da SuperVia que passam pela região tiveram a circulação momentaneamente suspensa. O metrô também chegou a interromper o tráfego entre duas estações, mas o serviço já foi normalizado.
Segundo a Polícia Civil, traficantes estariam aliciando crianças e adolescentes para integrar a facção. Os criminosos, diz a corporação, exploram tráfico de drogas, roubo de cargas e de pessoas, além de homicídios e sequestros de trens da SuperVia, prática que ocorreu em dois momentos recentes, em dezembro de 2020 e no mês passado.
A ação é coordenada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), com apoio de outras unidades do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE).
"A região do Jacarezinho é considerada um dos quartéis-generais da facção Comando Vermelho na Zona Norte do Rio de Janeiro. Em razão da dificuldade de se operar no terreno, por conta das barricadas e das táticas de guerrilha realizadas pelos marginais, o local abriga uma quantidade relevante de armamentos, que seriam utilizados nas retomadas de territórios perdidos para facções rivais ou para se reforçar de possíveis investidas policiais. Além do uso das mencionadas práticas típicas de guerra, em dezembro de 2020 e abril de 2021, os criminosos do Jacarezinho sequestraram trens da SuperVia, demonstrando que a sua forma de atuação se assemelha àquelas empregadas por grupos terroristas", diz a Polícia Civil.