Dois agentes do 20º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento na zona norte de Porto Alegre, foram presos em flagrante por suspeita de homicídio no bairro Rubem Berta. O fato ocorreu no domingo (20), e a informação foi confirmada nesta segunda-feira (21) por GZH.
A investigação começou quando Luiz Alberto Brizola de Souza, 38 anos, foi encontrado morto em uma praça na Rua Wolfram Metzler, com um tiro na cabeça. A primeira ligação ao 190 sobre o crime ocorreu às 5h48min de domingo.
Uma equipe do plantão da Delegacia de Homicídios e uma da Brigada Militar foram até o local para atender a ocorrência. Na praça, estava apenas a irmã do homem, que contou que ele tinha saído para ir a uma festa. Ela disse que ficou sabendo por vizinhos sobre a morte, mas não sabia o que havia ocorrido com Luiz Alberto. Nada mais foi informado e não havia câmeras de segurança na área.
Horas depois, uma testemunha foi até um posto de atendimento da BM. A pessoa indiciou que viu Luiz Alberto sendo abordado por policiais antes de ser morto. A própria corporação, por meio do batalhão, passou a investigar o fato.
De acordo com o comandante do 20º BPM, tenente-coronel Danubio Augusto Engers Lisbôa, a apuração interna da unidade apontou para dois agentes, que estavam em serviço durante a madrugada, como autores do crime.
— Recebemos uma denúncia de que havia acontecido um homicídio e que esse teria sido causado por dois policiais do 20º BPM. Começamos no mesmo momento uma investigação e através dos nossos procedimentos, da nossa inteligência, chegamos à possível autoria — revelou.
Não está claro para a investigação o que motivou o fato, que não havia sido comunicado pelos policiais envolvidos aos superiores, como é feito de costume. O comandante afirmou que a Brigada "ainda não tem todo o cenário completo", o que seguirá em apuração.
A Polícia Civil também auxiliou na investigação. A corporação abriu inquérito para apurar o crime, enquanto a BM abriu outro para verificar a conduta dos policiais e a situação deles. O delegado Gabriel Bicca, do Departamento de Homicídios, trabalha com a informação de que antes de o homem ser encontrado morto houve uma abordagem.
— Nós vamos apurar, durante o inquérito, qual a situação da abordagem, se houve confronto com alguém, se houve revista. Estamos investigando que ponto culminou com a situação de uma pessoa ter tomado o tiro e morrido em uma praça — detalhou.
A Brigada Militar não coaduna com atos de injustiça ou policiais que venham a extrapolar a técnica
TENENTE-CORONEL DANUBIO AUGUSTO ENGERS LISBÔA
Comandante do 20º BPM
Presos, os dois policiais foram levados para o Batalhão de Polícia e Guarda, onde ficam os brigadianos detidos. Os nomes deles não foram revelados pela BM ou Polícia Civil.
A vítima do crime cumpria pena no regime semiaberto e tinha antecedentes por tráfico de drogas.
Outros dois soldados presos
Há menos de um ano, em 26 de dezembro de 2019, dois agentes do mesmo batalhão foram presos por homicídio pelo espancamento de um rapaz de 20 anos durante uma abordagem. O comandante do 20º BPM, no entanto, reforça que casos como esses se tratam de "fatos isolados" e ressalta o trabalho de investigação feita pela própria corporação.
— Como demonstrado ontem, nós não coadunamos com qualquer tipo de injustiça ou de mal atendimento por parte dos nossos policiais militares e, de imediato, adotamos as providências. Em menos de 24 horas, apresentamos tudo que tínhamos à disposição para que fossem tomadas as medidas cabíveis e a prisão em flagrante, que é a resposta mais imediata que podemos dar. A Brigada Militar não coaduna com atos de injustiça ou policiais que venham a extrapolar a técnica — assegurou.
GZH também procurou o Comando-Geral da BM para manifestação e aguarda retorno.