
Um grupo de clientes da Indeal Consultoria em Mercados Digitais, investigada pela Polícia Federal (PF) por suspeita de fraude financeira, protestou na tarde desta sexta-feira (11), em frente ao escritório da empresa, em uma praça no centro de Novo Hamburgo.
A manifestação se estendeu por quase duas horas, com participação de quase uma centena de investidores do Vale do Sinos, de Porto Alegre, da Serra e de Concórdia e Chapecó (Santa Catarina), entre outras localidades.
Segurando cartazes, com frases "Queremos nosso dinheiro" e "Devolvam o que é nosso", parte do grupo se revezou em discursos cobrando agilidade das autoridades na liberação de recursos a que teriam direito como investidores. Em maio, a PF deflagrou a Operação Egypto, que levou a prisão temporária de sócios (já cumprida) e ao bloqueio bens e valores dos donos da empresa determinado pela Justiça Federal.
A manifestação foi promovida pela Associação de Clientes InDeal (Assic), que, segundo a presidente da entidade, a cabeleireira de Caxias do Sul Carolina Olivera, reúne 8 mil filiados. Ela disse que a quantia que cada associado tem a receber ainda não foi calculada. Relatório da Receita Federal que faz parte do inquérito da PF aponta que a Indeal tem dívidas de R$ 1,1 bilhão com 23,2 mil clientes.
Clientes que aceitaram falar com a reportagem de GaúchaZH relataram surpresa com a situação, pois estariam recebendo rendimentos de 15% ao mês até a ação da PF.
— Investi R$ 12 mil no começo do ano. Eles sempre pagando direitinho. Não acredito que esse dinheiro está perdido — disse o recepcionista de hotel Gerson Silva, 65 anos, que mora em Porto Alegre.
Mais revoltada estava a comerciante Luciana Marçal, 32 anos. Ela contou que, junto com a mãe, apostou R$ 30 mil nos bitcoins da Indeal.
— Ela colocou todo o dinheiro que tinha ganhado de uma herança. Agora, me sinto culpada, porque fui eu quem sugeri o negócio.
A secretária Cleuza Colling usou o microfone para contar a história do irmão, Almir dos Santos, de 60 anos.
— Ele sofreu um acidente de trabalho, perdeu a mão esquerda, recebeu indenização e apostou tudo: R$ 55 mil. Queria construir uma casa nova para ele e para a nossa mãe morar. Agora, não tem o dinheiro e a moradia está caindo aos pedaços.
Contratado para defender os filiados da ASSIC, o advogado Jean Carbonera afirmou que está em tratativas com o Ministério Público Federal (MPF) para que seja organizado um plano de pagamento a investidores de valores bloqueados.
— Na segunda-feira, deveremos ter novo contato. O MPF vai avaliar a situação quando os sócios da empresa entregarem a lista de todos os bens e carteira de bitcoins, uma espécie de senha para acesso à conta bancária.
De acordo com a assessoria de comunicação da Justiça Federal, a Indeal não oficializou proposta para pagar os investidores. Há dezenas de ações individuais de clientes solicitando ressarcimento de valores. Os pedidos estão sendo anexados ao processo criminal e deverão ser avaliados ao final da ação penal.
GaúchaZH não conseguiu falar com sócios da Indeal. Esteve no prédio, mas, conforme o síndico, o escritório da empresa está fechado.
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