Considerada uma das principais obras na área prisional no Rio Grande do Sul, a Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul sofreu alteração no projeto para que a conclusão não tenha de ser adiada. A previsão de entrega — outubro de 2019 — corria risco de ser postergada. O motivo é a existência de casas próximo ao muro da prisão.
As residências, assim como a prisão, ficam em terreno da extinta Fundação Zoobotânica, que é cercado por área com árvores e estradas de chão batido. No projeto original, a empresa Verdi Sistemas Construtivos previa a necessidade de remoção de pelo menos três famílias. A responsabilidade pela retirada das casas ficou com o Estado.
Passados seis meses desde que a obra começou, não houve avanços nas tratativas com as famílias por parte do Executivo. Por isso, a construção do muro da prisão foi feita, exceto por uma das laterais, onde ficam as casas. O impacto já estava sendo sentido no ritmo de trabalho. A empresa previa que se as famílias não fossem retiradas em 30 dias, haveria risco de que a obra não fosse entregue nos nove meses em que foi planejada. Os trabalhos começaram em 7 de janeiro.
Levando isso em conta, a empresa decidiu fazer o aterro em rocha — um serviço mais complicado — no lugar da terraplenagem original. O diretor executivo da Verdi, Fernando Caumo, garante que não haverá mudanças no número de vagas, no muro ou no esquema de segurança. Conforme ele, a alternativa não havia sido pensada antes porque havia a necessidade de aprovação na alteração do projeto.
O local onde as famílias moram é conhecido como comunidade do Tigre. As casas ficam no final de uma rua de terra com brita. Para entrar nas residências, é necessário subir um apertado beco onde carros não conseguem passar.
Os moradores reclamam da construção da penitenciária. Segundo a doméstica Priscila Oliveira dos Santos, 31 anos, desde que o trabalho começou sua rotina foi alterada:
— Desde que começou essa obra não pode chover que entra lama dentro de casa. É barro de a gente tirar com pá. Até a Defesa Civil já nos ajudou.
Segundo relatos de moradores, houve uma semana durante o mês de maio em que chuva e o barro impediram que crianças que vivem no local fossem para a escola. Há temor, por parte das famílias, de que haja algum deslizamento de terra. A construtora que faz a obra da prisão colocou britas e lonas plásticas.
De acordo com os moradores, o governo procurou as famílias para tratar da desocupação apenas uma vez. Na ocasião, teria falado sobre os locais para onde poderiam ser levados. Depois, conforme eles, não teria retornado. Desde então, restou a dúvida sobre o futuro e o medo de se tornar vizinho de uma prisão.
A reportagem contatou na sexta-feira (28) a Procuradoria-Geral do Estado para verificar a situação da desocupação. No entanto, até a publicação desta reportagem, não havia tido retorno. Não se sabe, ainda, se o governo manterá a desocupação com a alteração no projeto.
A penitenciária 600 vagas do regime fechado e 63% da obra está concluída.