Acossada pelo crescimento da violência, Bento Gonçalves, na serra gaúcha, registrou na sexta-feira (7) a maior chacina do Rio Grande do Sul em 2019, segundo a Polícia Civil. Cinco pessoas foram assassinadas dentro do estabelecimento Bar dos Amigos, na Rua Lajeadense. A motivação seria desavenças relacionadas ao tráfico.
Por volta das 22h, seis homens desceram de um carro sedan prata — o modelo não foi especificado — e entraram atirando contra um grupo que jogava sinuca. Cada uma das cinco vítimas foi atingida por pelo menos 10 disparos. Quando a polícia chegou ao local, encontrou três corpos no interior do estabelecimento e um em frente ao bar. A quinta vítima chegou a ser socorrida, mas morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Os mortos foram identificados como Roger da Silva Cabral, 18 anos, os irmãos Robert da Silva Ribeiro, 22, e Matheus da Silva Ribeiro, 23, Lucas Joel Ferrão, 30, e Cristian Soares Teixeira, 28. Apenas Matheus não possuía antecedentes criminais.
Segundo o delegado Arthur Reguse, há suspeita de que as vítimas tivessem envolvimento com uma facção criminosa. A polícia acredita que a motivação da chacina tenha relação com uma disputa de território para o tráfico de drogas.
— Recolhemos pelo menos 64 cápsulas, tanto de calibre 38, quanto de 9mm — descreveu.
Disputa entre facções teria motivado chacina
A polícia busca ouvir testemunhas para tentar esclarecer o crime. Não foram encontradas câmeras nas proximidades que pudessem auxiliar na investigação.
— Esperamos contar com denúncias anônimas sobre o caso — afirmou o delegado Álvaro Becker, que apurará o crime.
Cerca de cinco horas depois da chacina, policiais militares apreenderam um fuzil calibre 7,62 e prenderam um homem com tornozeleira eletrônica na mesma rua. Não há confirmação de relação entre a apreensão e a chacina.
Desde 2017, Bento Gonçalves convive com aumento dos homicídios. Foram 35 vítimas naquele ano contra 48 em 2018, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública. Até agora, em 2019, são 21 assassinatos. No mesmo período do ano passado, 23 pessoas foram mortas na cidade. O recrudescimento da violência em Bento Gonçalves estaria ligado à expansão do tráfico de drogas.
— Fomos surpreendidos pela chacina. Há facções de fora que têm disputado territórios para venda de drogas e armas com grupo criminoso de Bento Gonçalves, que controla a maior parte das áreas — diz o oficial do 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas de Bento, capitão Diego Caetano.
Outros casos
A chacina em Bento Gonçalves foi pelo menos a terceira com mais de quatro mortes registrada este ano no Estado.
- A primeira foi em Triunfo, em 9 de janeiro. Mirian Ribeiro Pereira, 52 anos, e os filhos Valquiria Pereira Borges, 30, Valéria Pereira Borges, 28, e João Paulo Pereira Borges, 21, foram mortos a facadas depois de discutir com um vizinho. Deoclides da Silva, 45 anos, foi preso dias depois, em Montenegro.
- Em abril, quatro pessoas morreram em chacina no bairro Formoza, em Alvorada. Paulo Sérgio da Silva Ferreira, 38 anos, e a companheira Sabrina Alves Faller, 24, a mãe dela Samara de Lourdes Alves Tormes, 41, e o marido Leandro Tormes, 35, foram mortos em duas casas do bairro Resvalo. O motivo seria a disputa entre traficantes na região por pontos de venda de entorpecentes. Os dois homens tinham antecedentes criminais.