Um taxista de 40 anos passou sete horas nas mãos de dois assaltantes que o fizeram refém, enquanto eram percorridos cerca de 400 quilômetros de Tramandaí, no Litoral Norte, e Ibirubá, no Noroeste, entre a noite de domingo (3) e a madrugada de segunda-feira (4). O motorista conversou com a reportagem e relatou os momentos de pânico.
— Pediam para desbloquear o telefone e mostravam a foto do meu filho e diziam: “olha o teu filho pela última vez” – lembra.
O motorista estava trabalhando em Tramandaí quando foi chamado pelos dois homens para realizar uma corrida até Osório, no Litoral Norte, por volta das 20h de domingo. No caminho, foi rendido com uma faca no pescoço e colocado no porta-malas do Idea. Com o carro sem a tampa que separa o porta-malas do banco de trás, ele era ameaçado por um dos criminosos.
— Achei que iam me matar a qualquer momento — disse.
Ouvindo a conversa entre os dois ladrões, o taxista concluiu que a dupla estava passando no Litoral e pretendia voltar para casa, em Cruz Alta, no Noroeste.
Depois de saírem da RS-030, ingressaram na freeway, em direção a Porto Alegre. No entanto, o carro estava com pouco combustível e, por isso, os ladrões entraram em Santo Antônio da Patrulha para abastecer e seguir viagem. Eles retornaram para a freeway até a Rodovia do Parque, onde acessaram a BR-386. Em Pouso Novo, outra parada para abastecimento.
— Lá, eles deixaram empenhado meu celular para pagar a gasolina, já que não tinha muito dinheiro — relata.
Retorno
O percurso ainda passou pela RS-332 e BR-153, antes de chegar à RS-233, onde a vítima foi abandonada às margens da rodovia deserta às 3h de segunda-feira. O motorista caminhou até um condomínio, onde falou com o zelador pelo interfone e conseguiu acionar a Brigada Militar.
Pelo rastreador, a BM localizou o carro e perseguiu os criminosos, que foram presos após colidirem em um muro em Cruz Alta, a 55 quilômetros de onde deixaram o motorista. Os dois homens tinham passagens pela polícia e foram detidos em flagrante por roubo e sequestro.
Após prestar depoimento e reconhecer os criminosos, o taxista voltou para casa no próprio carro, na tarde de segunda-feira. No retorno, ainda passou no posto de combustíveis de Pouso Novo, pagou a gasolina e conseguiu recuperar o celular.
Em 20 anos de profissão, foi o segundo assalto que sofreu. No primeiro, em 2016, os assaltantes levaram apenas o dinheiro das corridas.