Dois policiais militares foram afastados e um policial civil foi preso por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas em Tapes, na região sul do Estado. A operação ocorreu na última sexta-feira (8), mas só foi divulgada neste final de semana. Os nomes dos três não foram informados.
Conforme o corregedor-geral da Polícia Civil, Marcos Meirelles, o agente foi preso temporariamente por suspeita de corrupção com o tráfico de drogas. Ele pode ficar detido por 30 dias, conforme o Código Penal. Testemunhas detalharam o envolvimento dele em depoimento, ainda de acordo com o corregedor.
— Em princípio, ele fez exigência financeira para que organização financeira vinculada ao tráfico trabalhasse com mais facilidade, vamos dizer assim — observa o corregedor.
Já o corregedor-geral da Brigada Militar, coronel Marcio Roberto Gaudino, observou que a investigação está em fase inicial e, por isso, não poderia passar detalhes do envolvimento de cada um deles. Além disso, o coronel alegou que ainda não fez a análise das provas.
— Não nos alegra este tipo de ação, mas não compactuamos com esse tipo de conduta — pontuou.
Segundo o comandante do Batalhão de Polícia Militar, coronel Marcelo Mello da Silva, a investigação começou há cerca de uma semana após o recebimento de uma denúncia. A partir daí, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para apurar a conduta dos PMs.
— Por enquanto são denúncias e estão atrás da materialidade (provas). Por enquanto não estamos divulgando nada para não dar as partes a possibilidade de esconder provas — observa o coronel.
Os dois policias militares são soldados e, devido ao afastamento, tiveram o colete e a pistola apreendidos.
A reportagem procurou a chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor, que informou que a investigação é "muito incipiente" e um maior detalhamento do caso poderia atrapalhar as investigações.
— Isso não nos agrada e não vamos permitir corrupção dentro da Polícia Civil.
Investigação teve início após homicídio
Os policiais passaram a ser investigados após a morte do traficante Romário Magalhães Rodrigues, 27 anos, em 29 de janeiro. Na época, dois homens foram presos em flagrante pelo crime.
Segundo a delegada Fabiane de Vargas Bittencourt, responsável pela investigação, a morte ocorrido por desentendimento da vítima com os líderes da facção, que são de fora da cidade. Entre os motivos para a animosidade estão dívidas com entorpecentes e o fracionamento da droga recebida - o que geraria mais lucros para a facção rival.
Segundo a delegada, a dupla de atiradores teria vindo de Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, para executar o traficante. No dia, eles invadiram a casa em que o traficante estava e passaram a atirar. Outras duas pessoas ficaram feridas.
A delegada nega que os policiais tenham participação no homicídio e salienta que não poderia detalhar o envolvimento deles, com risco de comprometer a investigação da Cogepol.