Passava da meia-noite quando atiradores invadiram uma pousada em Cidreira, no Litoral Norte, e obrigaram um grupo de pessoas a se deitar no chão antes de começarem os disparos. Os tiros mataram seis jovens e feriram outro. Após três anos, duas pessoas apontadas por participação no crime foram condenadas, cada uma, a 146 anos e 8 meses de reclusão, em decisão do Tribunal do Júri de terça-feira.
Foram condenados Isaura Bragé, a mandante do crime, e Carlos Roberto de Campos Freitas, um dos executores. Foi identificado ainda o envolvimento de Diego Pavelak, que morreu antes do júri e teve a pena extinta. Sabe-se que outras pessoas participaram do crime, mas não foram reconhecidas. No processo, uma testemunha afirmou que quatro criminosos chegaram de carro e, após saírem do veículo, começaram a atirar.
A chacina teve como pano de fundo o tráfico de drogas. Segundo a Justiça, Isaura estava “contrariada e insatisfeita” por causa de dívida de uma das vítimas que também estaria utilizando a pousada para vender drogas fornecidas por outro traficante. “Ela ordenou que o denunciado Carlos Roberto acabasse com essa situação e matasse todos que estivessem envolvidos com essa nova ramificação do tráfico”, observa o despacho.
– Foram condenados por seis homicídios duplamente qualificados, por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas, além de uma tentativa com as mesmas qualificadoras. Pedimos a absolvição de uma outra tentativa, que não se configurou – observa o promotor de justiça Eugênio Paes Amorim, um dos integrantes da acusação.
Também participou como integrante da acusação a promotora de Justiça Rafaela Huergo. A sessão de julgamento, realizada em Tramandaí, foi presidida pela juíza Cristiane Elizabeth Stefanello Scherer.
O crime
Foram disparados cerca de 40 tiros. Andriel Silva de Souza de Moraes, 24 anos, Lucas Souza da Rocha, 17, Fabiano Soares da Cunha, 15, Lucas Rafael Rodrigues Duarte, 15, e Endriqui dos Santos Gaspar, 19 anos. Robson Durão Leão, 26, foram as vítimas da chacina.
Contrapontos
O que diz a defesa de Isaura Bragé:
A advogada Gisela Antia de Almeida, que representa Isaura Bragé, afirmou que vai entrar com recurso contra a decisão, pois "não havia nenhuma prova contra ela (Isaura)" no processo.
O que diz a defesa de Carlos Roberto de Campos Freitas:
O defensor público Eledi Amorim Porto, representante de Carlos Roberto de Campos Freitas, afirmou que “A Defensoria Pública irá recorrer para discutir o pedido pessoal do réu de perícia e de voz e da dosimetria da pena”.