A juíza de Três Passos Sucilene Engler Werle negou nesta terça-feira (3) pedido da defesa do médico Leandro Boldrini para fazer a cisão do processo sobre a morte do menino Bernardo Boldrini, que completa quatro anos na quarta-feira (4). Essa decisão antecede a marcação do julgamento dos réus, que respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, pelo Tribunal do Júri.
Os advogados Ezequiel Vetoretti e Rodrigo Grecellé argumentavam que somente com a separação dos autos seria possível ter a "plenitude de defesa", argumentando que sem a cisão, cada defensor teria apenas 37 minutos para manifestação em plenário, citando os 40 volumes do processo e mais de oito mil páginas.
A magistrada reconheceu que o processo é extenso e que há várias testemunhas para serem ouvidas, no entanto, afirma "não ser recomendável a cisão processual, na medida em que as provas, referentes aos fatos imputados aos réus, são as mesmas".
Conforme Sucilene, "a união do processo e o julgamento conjunto dos acusados evita decisões conflituosas e facilita a apreciação da prova pelo Conselho de Sentença".
Vinte a nove testemunhas foram arroladas. O Ministério Público (MP) indicou cinco; a defesa de Boldrini, 12 nomes; a de Graciele Ugulini, quatro; a de Edelvânia Wirganovicz concordou com o rol do MP e não indicou nomes; e a de Evandro Wirganovicz, oito.
Já o pedido dos advogados do médico para que as testemunhas não tenha qualquer comunicação externa, não tendo acesso a aparelhos com sinal de internet, rádio e televisão, no dia do julgamento, foi acatado.
"O art. 210, parágrafo único do CPP (Código de Processo Penal) determina que 'antes do início da audiência e durante a realização, serão reservados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas'". A juíza aceitou, ainda, pedido dos advogados de Boldrini para juntar ao processo o inquérito policial que investigou a morte da mãe do menino Bernardo, Odilaine Ugluione, que foi encontrada sem vida no consultório do médico, em 2010. Na época, a polícia concluiu o caso como suicídio, o que foi confirmado em março de 2016, após reabertura do inquérito.
Outros pedidos
A juíza negou pedido da defesa de Graciele para que cada advogado tenha 2h30min para manifestação em plenário. Sobre pedido de unir o áudio da entrevista coletiva da Polícia Civil, em 13 de abril de 2014, a magistrada afirma que a instituição não possui a gravação e por isso a demanda não pode ser acatada. Mas afirma que a defesa, querendo, poderá localizar o áudio nos meios de comunicação.
Bernardo Boldrini foi morto em quatro de abril de 2014. O corpo dele foi encontrado numa cova, no interior de Frederico Wesphalen, 10 dias depois. Estão presos, acusados de cometer o crime, o pai, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz. Segundo o Ministério Público, a criança foi morta ao ingerir grande quantidade de medicamentos dados por Graciele e com o conhecimento dos outros réus.