![](http://zh.rbsdirect.com.br/imagesrc/23653438.jpg?w=700)
Somadas, Brigada Militar e Polícia Civil apreenderam o maior volume de armas de fogo para um primeiro semestre dos últimos 10 anos. Foram 4,6 mil retiradas das ruas nos seis primeiros meses deste ano. Mas o cobertor curto da BM também se reflete neste item considerado fundamental para barrar a criminalidade.
Se, a cada 100 armas recolhidas nos primeiros seis meses do ano passado, pelo menos 77 haviam sido apreendidas por policiais militares, entre janeiro e junho de 2017, esse índice baixou para 63. A menor proporção dos últimos quatro anos.
– Apreendemos menos armas, mas temos conseguido retirar de circulação muitas armas potentes. Em geral, o volume de armas apreendidas acompanha o de prisões. À medida em que conseguirmos aumentar um índice, o outro também crescerá – avalia o subcomandante geral da BM, coronel Mario Ikeda.
Se a avaliação dos indicadores de eficiência é positiva para a Polícia Civil, com alta no número das chamadas prisões qualificadas e o maior volume de inquéritos remetidos ao Judiciário desde o primeiro semestre de 2011, a tendência é negativa, de acordo com o presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores (Ugeirm), Isaac Ortiz.
– Os resultados são positivos porque, apesar dos 21 meses de salários parcelados e toda a forma de desrespeito aos policiais, todas as delegacias seguem cumprindo as metas do programa Qualificar, que foi implantado no governo Tarso Genro. Mas estamos mobilizando a categoria para reduzirmos as metas enquanto a categoria não for valorizada – afirma o sindicalista.
Leia mais
Em 10 anos, Brigada Militar nunca prendeu tão pouco no Rio Grande do Sul
Polícia Civil e Brigada Militar prenderam 10,4% menos em 2016
Como o reforço policial reduziu os assassinatos em Porto Alegre
Latrocínios caem 26,5%, mas homicídios têm alta de quase 8% no RS
A estimativa é de que a Polícia Civil trabalhe com um déficit de 46,6% em relação ao considerado o ideal para dar conta do trabalho em todo o Estado.
– Claro que os crimes contra a vida demandam nossa maior atenção, e aí, o índice de elucidação dos inquéritos é fundamental. Mas, para melhorarmos os índices de eficiência da Polícia Civil, focamos a atenção aos crimes patrimoniais. Mais, inclusive, do que ao tráfico. Então, o número de prisões é considerado por nós o elemento mais fidedigno da eficiência do trabalho, porque é um resultado operacional de inquéritos bem feitos. Vale mais prendermos uma quadrilha do que apreendermos, por exemplo, mais drogas – afirma o chefe de Polícia, delegado Emerson Wendt.
Por outro lado, desde 2014, quando passaram a ser divulgados os inquéritos abertos pela Polícia Civil entre os indicadores de eficiência policial, nunca tão poucos casos foram abertos – 108,7 mil em seis meses. São 8,6% a menos do que nos primeiros seis meses de 2016.
– Depende da análise do delegado sobre a necessidade de cada caso. Muito mais concreto é sabermos a eficácia dos inquéritos abertos – explica o delegado.
Mesmo que tenha aumentado o volume de inquéritos encaminhados à Justiça, o percentual de casos elucidados reduziu em relação aos dois anos anteriores.
– É a amostra de que chegamos no limite. Até agora, as operações policiais são a principal vitrine da segurança pública, mas os agentes já não suportam essa carga – avalia Isaac Ortiz.
Além do parcelamento dos salários e do déficit no efetivo, o presidente do sindicato reforça que neste ano as aposentadorias dos policiais civis foram contingenciadas pelo governo.
A explosão das drogas sintéticas
![](http://zh.rbsdirect.com.br/imagesrc/23653119.jpg?w=700)
Os indicadores de eficiência do primeiro semestre revelam uma explosão das drogas sintéticas no Rio Grande do Sul. Nos primeiros seis meses deste ano, a Polícia Civil apreendeu 9,2 mil comprimidos de ecstasy – 41 vezes mais do que cinco anos atrás. Resultado, acredita o diretor de investigações do Denarc, delegado Mario Souza, de dois aspectos:
– As drogas sintéticas foram mais democratizadas com as festas eletrônicas. Mais jovens, não apenas os de classes mais altas, passaram a consumir esse tipo de droga. Mas o resultado também reflete a especialização cada vez maior dos nossos investigadores. Há cinco anos detectamos que as drogas sintéticas começavam a ganhar espaço com um outro perfil de traficantes, que não o tradicional, e não vinculado a organizações criminosas. Tratamos de especializar os nossos agentes – afirma.
Por outro lado, apesar da alta em relação a cinco anos atrás, as apreensões de crack e cocaína estabilizaram no Estado.
– É possível que muitos consumidores tenham migrado para as sintéticas, mas as investigações não apontam uma redução no tráfico da cocaína e do crack. Pode ter havido, sim, uma estabilização dos traficantes que atuam com a cocaína. Temos monitorado essa movimentação permanentemente – assegura o delegado.
Com mais de seis toneladas apreendidas em seis meses, as forças policiais chegaram ao maior volume de maconha recolhida em um primeiro semestre nos últimos cinco anos. Uma alta de 350% em relação a 2013 e de 50% em relação aos dois últimos anos, quando, somadas, Brigada Militar e Polícia Civil haviam apreendido 4,2 toneladas da droga.
Para Mario Souza, isso é resultado do foco das investigações em grandes apreensões. E também reflete a safra da maconha no Paraguai.
– Notamos que dificilmente há redução no consumo da maconha, então essa droga é sempre o capital de giro do traficante. Temos intensificado as investigações para chegarmos aos grandes carregamentos e principalmente à descapitalização desse traficante – diz o delegado.