Correção: até as 11h20min desta segunda-feira (28), este site informou que seis pessoas haviam sido mortas na chacina cometida na madrugada de sábado (26) no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre. A Polícia Civil corrigiu o número para cinco mortos.
A Polícia Civil acredita que a chacina em Alvorada, com três mortos, na noite de sexta-feira (25), e a da zona norte de Porto Alegre, com cinco mortos, já na madrugada deste sábado (26) estão relacionadas. A suspeita tomou força a partir da avaliação de que duas quadrilhas rivais possuem pontos de tráfico de drogas nos bairros onde os ataques ocorreram.
– Existe uma proximidade temporal e uma proximidade territorial. As informações preliminares indicam que as vítimas de Alvorada seriam de determinado grupo criminoso, ao passo que as vítimas de Porto Alegre seriam do lado contrário – explica o delegado Gabriel Bicca, diretor de investigações do Departamento de Homicídios, lembrando que esta é uma avaliação inicial e que pode mudar no curso da investigação.
Apesar de serem em cidades diferentes, os locais onde os crimes ocorreram, o bairro Intersul, em Alvorada, e o Loteamento Timbaúva, no bairro Mario Quintana, em Porto Alegre, são próximos. Separados por poucas quadras e pelo Arroio Feijó, o tempo de deslocamento entre eles de carro é de cerca de 15 minutos. E, em cada um dos bairros, quadrilhas diferentes dominam o tráfico.
O grupo que possui hegemonia no tráfico no bairro de Alvorada é ligado a uma das maiores facções criminosas do Estado, conhecida pela violência para tomar os pontos de vendas de drogas dos rivais. Já o do Loteamento Timbaúva, na Capital, integra uma coalizão de quadrilhas que se reuniu para reagir às ações do outro grupo.
Leia mais:
Um ano depois: morte de Cristine virou símbolo da insegurança no RS
Em manifestação, moradores pedem justiça por morte de homem em confronto com a BM
Na análise inicial dos investigadores, o crime em Alvorada – por volta de 20h30min de sexta – teria sido um ataque da quadrilha da região do Loteamento Timbaúva. Quatro criminosos invadiram um bar na Travessa Caçapava e mataram Dieison Silveira de Oliveira, de 25 anos, e um homem que ainda não foi identificado. Já Silvio Kohls, de 52 anos, chegou a ser socorrido, mas morreu em atendimento no hospital. A Polícia Civil diz que eles tinham antecedentes criminais considerados de menor potencial.
Além das vítimas fatais, duas pessoas ficaram feridas. Entre elas, uma menina de 11 anos, que foi atingida por um tiro de raspão na nádega. Ela já foi liberada do hospital.
Chamou a atenção dos investigadores que o bar onde o ataque ocorreu não era monitorado pela polícia como um ponto de venda de drogas. Para o delegado Volnei Fagundes Marcelo, o tráfico poderia estar se concentrando recentemente no local. Ele afirma que os investigadores da cidade também acreditam em uma relação com o caso de Porto Alegre.
– Eles atuam assim. Ação violenta, reação mais violenta ainda – lembra o delegado Bicca.
Em Porto Alegre, nove horas depois, o que seria o contra-ataque. A hipótese é de que, irritados com o ocorrido em Alvorada, criminosos da região teriam ido até o Bar da Noite, na Estrada Antônio Severino e cometido o segundo o crime. Cinco pessoas foram executadas em uma ofensiva que impossibilitou qualquer reação das vítimas.
Ao todo, nove executores chegaram em dois carros escuros. Um homem que estava amarrado e foi levado pelos bandidos foi executado após supostamente apontar quem era do grupo rival. Em seguida, invadiram o local, mandaram as mulheres saírem e atiraram nas pessoas que estavam no estabelecimento.
Briga antiga
Em setembro de 2016, uma chacina também ocorreu no bairro Intersul, em Alvorada. Quatro homens foram executados a poucos metros de distância, nas ruas Montevidéu, Padre Chagas e Travessa Caçapava - próximo do crime da noite de sexta. Na época, a polícia informou que a suspeita é de que bandidos do Loteamento Timbaúva haviam cometido o crime.
Investigação
Ao longo deste sábado, equipes da 5ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre e da Delegacia de Homicídios de Alvorada estão nas ruas para avançar na investigação. Testemunhas são ouvidas e provas são colhidas. Até agora, não há a identificação ou a prisão de nenhum dos envolvidos.
