No dia em que o Palácio Piratini anunciou concurso para 6,1 mil vagas para a Brigada Militar, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros, o ex-secretário nacional de segurança pública José Vicente da Silva, que está em Porto Alegre, faz críticas à atual gestão de segurança pública no país.
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José Vicente, que foi secretário no governo de Fernando Henrique Cardoso e já comandou a Polícia Militar de São Paulo, prega o uso de inteligência, tecnologia, trabalho em conjunto entre as polícias Civil e Militar e cooperação com a população no combate ao crime.
– Em vez de chamar a Força Nacional, que custa milhões de reais e que, com raríssimas exceções, não traz resultado algum, o governo pode usar a tecnologia para criar mapas do crime e colocar policiais onde é efetivamente necessário –, afirma.
O ex-secretário cita uma ação da PM paulista, que montou um "banco de criminosos", com cerca de 600 mil cadastrados, como uma medida de auxílio ao combate ao crime.
– São fotos em alta resolução, com todos os dados de cada um. A cada vez em que um deles é preso, a PM já tem acesso a ficha completa – explica.
O coronel aposentado também defende a participação da população nas medidas contra a insegurança. Ele destaca ações realizadas nos Estados Unidos e Inglaterra, onde grupos de moradores, com ações simples, como avisar os vizinhos quando viajam de férias para monitorar qualquer situação anormal na sua residência nesse período, auxiliam as polícias.
– Aqui no Brasil, em Recife (PE), com treinamento de porteiros de condomínios, foi possível reduzir os crimes em 70%. Eles ajudam a identificar veículos e pessoas suspeitas.
Para a Cadeia Pública de Porto Alegre, conhecida como Presídio Central, na opinião de José Vicente, o ideal seria aproveitar sua grande área disponível e sua consequente valorização para trocá-la com a iniciativa privada, que se encarregaria de construir uma nova prisão em outro local.
Palestra
Às 19h30min desta terça-feira (4), o ex-secretário fará uma palestra no Dado Bier do Bourbon Country. Na ocasião, será lançado um aplicativo que visa criar um canal de troca de informações em condomínios.
O aplicativo, chamado de Ammigo, cria um canal entre moradores, porteiros e síndicos ou empresas de segurança, mediante três módulos: acompanhamento de prontidão de portaria, aviso de chegada e botão de pânico.
O primeiro, de acordo com o diretor do aplicativo, Martin Henkel, é um sistema interativo que mantém o porteiro do condomínio em vigília.
– Servirá para monitorar e auxiliar no trabalho de portaria. O porteiro receberá mensagens e terá de respondê-las, mostrando assim que se mantém atento ao trabalho – explica.
Pelo segundo módulo, o morador poderá avisar ao porteiro quando estiver chegando ou saindo do condomínio. No aparelho operado pelo funcionário aparecerá uma foto do condômino. Se ele estiver em um veículo, serão exibidas também imagens do carro e da placa.
O terceiro módulo permitirá que sejam enviados alertas para usuários cadastrados, permitindo o acionamento da polícia, em casos de perigo ou de ameaças.
O aplicativo já está sendo publicado na loja da Android e, a partir de sexta-feira, estará disponível também pela Apple. De acordo com Henkell, será gratuito para baixá-lo. Porém, algumas funções serão cobradas.