É na família e na Polícia Civil que Raquel Biscaglia Mozzaquatro busca forças para enfrentar a morte do marido, Rodrigo Wilsen da Silveira, 39 anos, assassinado durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão na última sexta-feira, em Gravataí.
Em entrevista ao Gaúcha Faixa Especial, a mulher, que também é policial, conta que a família está sofrendo com a morte de Rodrigo, considerado um profissional exemplar e dedicado e um pai extremamente presente.
– Foi na profissão que conheci o amor da minha vida. Vou continuar trabalhando. Vou continuar lutando pela segurança do nosso Estado. Se eu já dava meu máximo, darei ainda mais – afirma Raquel. – A Família Polícia Civil está dando todo o amparo, apoio e calor que se pode dar. Da população também estamos recebendo energia, fé e coragem – acrescenta.
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Rodrigo estava há cinco anos na Polícia Civil e era chefe de investigação. Raquel estava há três. No dia da operação, 34 policiais estavam mobilizados, e oito foram até o apartamento no centro de Gravataí onde era armazenada droga de uma quadrilha. Assim que chegaram, foram recebidos a tiros.
– O Rodrigo, como chefe da investigação, como protetor da equipe, foi na linha de frente. Fatalmente, o disparo efetuado por um dos indivíduos atingiu o rosto dele. Nós ficamos entre o fogo, e o Rodrigo, caído no chão. Com o apoio dos colegas, me dando cobertura, fui até ele e conversei com ele. Mas o que ele falava já não fazia muito sentido – lembra.
A policial acredita que tudo o que ocorreu foi uma fatalidade e que ninguém pode ser responsabilizado, já que, na opinião dela, Polícia Civil e Judiciário fazem sua parte.
– O cara que atirou é um matador. É treinado para matar. Nós, policiais, somos treinados para defender – esclarece. – Mesmo que pudesse, eu não mudaria nada. Nós entramos corretamente no apartamento. O Rodrigo tinha experiência de tiro, de polícia, de rua. Foi uma fatalidade – lamenta.
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O que fica, para Raquel, são as boas lembranças.
– O Rodrigo apareceu na minha vida para iluminar meu caminho e me mostrou que as coisas simples da vida são as melhores. Me mostrou que um simples passeio de mãos dadas é uma das melhores coisas da vida. Me ensinou a amar a vida, o trabalho e as crianças – diz.
Investigação
A 2ª Delegacia da Polícia Civil de Gravataí deve indiciar todos os cinco presos por quatro tipos de crimes – duas pessoas devem ser apontadas por homicídio. Uma delas é Maicon de Mello Rosa, 25 anos, considerado autor dos disparos.
Recentemente, Maicon, que não era alvo da operação, pediu uma indenização por danos morais ao governo do Estado pelas más condições do Presídio Central. O suspeito, que esteve no local por cerca de quatro anos, pretende obter o valor de R$ 60 mil, mais R$ 500 por dia de superlotação na cadeira.
O sepultamento de Rodrigo ocorreu na manhã do último sábado em Porto Alegre.