A execução de um adolescente de 14 anos por integrantes de uma facção de Caxias do Sul – gravada por um celular e compartilhada entre os membros do grupo criminoso – ainda não está esclarecida. A crueldade registrada nas imagens impressionou até os delegados mais experientes da Polícia Civil. O vídeo foi localizado pela Polícia Civil durante a Operação Fratelli, deflagrada nesta semana e que indiciou 19 integrantes de uma facção que domina o tráfico de drogas em cinco bairros da cidade.
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Segundo a Polícia Civil, o adolescente morto estaria envolvido no furto de drogas que pertenciam à facção. Como a vítima é menor, a investigação do homicídio está a cargo da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Os nomes de três integrantes do grupo criminoso foram listados na Operação como sendo os autores da morte, mas nenhum deles foi indiciado até agora.
Procurado pela reportagem, o delegado Joigler Paduano, titular da DPCA, não quis se manifestar até a conclusão do inquérito policial, que não tem data para ser concluído. Ele afirma que a investigação está em fase final e os suspeitos serão ouvidos em breve.
A gravação que pode desvendar a autoria do assassinato tem menos de um minuto. Dois homens, um deles gravando e o outro portando um revólver, conduzem o adolescente a um matagal no interior de Caxias – onde o corpo foi encontrado em setembro do ano passado. Nas imagens, é possível ouvir os bandidos comentando que "isso é o que se faz com um safado". O adolescente é ordenado a se ajoelhar e virar de frente, "porque pelas costas não se mata", acrescenta o assassino. Uma terceira voz, possivelmente de uma mulher, reforça "que se mata de frente".
Os criminosos exigem que o jovem levante a cabeça e olhe em direção ao executor, para "saber que vai morrer". Este, então, puxa o gatilho, mas a arma falha. Na segunda vez, o adolescente é atingido e tomba. O homem que está filmando pede o revólver e efetua outros dois disparos em direção a vítima (não fica claro se acerta). A câmera se aproxima e um dos assassinos afirma "conferido, conferidinho" e ofende o adolescente caído.
No relatório da Operação Fratelli, o caso é descrito como "um monstruoso assassinato" e "de crueldade sem par".