Ainda abalados, familiares de Bruno Dornelles Ribeiro, 24 anos, executado ao lado da rodoviária de Porto Alegre, conversaram informalmente com o titular da 1ª DP de São Borja, delegado Marcos Ramos Viana. Eles confirmaram que a vítima avisou a família, sem dar detalhes, que viajaria à Capital para trabalhar com uma das irmãs por conta de ameaças que estaria sofrendo em São Borja. Segundo o delegado, a vítima não explicou quem a ameaçava e nem o motivo. Também afirmou não existir boletim de ocorrência com registro destes episódios.
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Dentro do coletivo, na madrugada desta terça-feira, Ribeiro teria percebido a presença de uma pessoa estranha. Receoso, ligou para a irmã e disse que "estava desconfiado de um cara que não parava de olhar".
– Ele falou rapidamente para irmã: tem um cara me cuidando sentado ali nos bancos de trás – comentou Viana. – Essa pessoa pode ser o autor dos disparos em Porto Alegre – complementou o delegado.
Ainda conforme Viana, estão sendo comparadas as imagens de segurança do embarque, em São Borja, com as de desembarque, em Porto Alegre, para confirmar se a vítima e seu assassino embarcaram na mesma cidade.
Se a motivação do assassinato foi a disputa entre traficantes, a Polícia Civil ainda não sabe. No entanto, confirma que a vítima estaria convivendo com integrantes de facções envolvidas com o tráfico. A informação também é sustentada por pessoas próximas a Ribeiro. Segundo Viana, a guerra foi instaurada há pouco mais de um ano, quando o homem apontado pela polícia como líder do comércio de drogas da cidade, Marcos Martins Antunes, o Marquinhos, foi preso.
– Isso abriu disputa pelo espaço que ele dominava. São facções pequenas que se encontram no bairro do Passo, perto do Cais do Porto (de São Borja) _ contou o delegado, acrescentando que este é o reduto dos traficantes na cidade, que importam maconha, cocaína e crack da Argentina e do Paraguai.
– Mas é estranho matarem ele em Porto Alegre e não aqui (São Borja), onde teriam bem mais oportunidades. Os indícios mais fortes apontam para guerra do tráfico, mas é difícil cravar isso agora – finalizou.
Os familiares prestarão depoimento oficial na quarta-feira.
O titular da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Capital, Adriano Melgaço, está trabalhando em parceria com a delegacia de São Borja para certificar se o atirador estava no ônibus junto com a vítima.
– Preliminarmente, de acordo com as imagens que analisamos até este momento, o desafeto estaria esperando na rodoviária – comentou Melgaço, dizendo que segue analisando imagens de segurança para chegar a uma reposta conclusiva.
– Não descartamos nenhuma hipótese, como a possibilidade de um informante do atirador ter embarcado junto com a vítima em São Borja.