Uma faca e um relógio com a pulseira arrebentada podem ser a primeira pista dos matadores do taxista Cristiano Carlosso dos Santos, 39 anos, assassinado na noite desta sexta-feira, no Morro da Cruz, zona leste de Porto Alegre.
Os objetos, sujos de sangue, foram localizados pela polícia atirados ao chão na Travessa São Guilherme, distante um quilômetro da Rua Primeiro de Março, na Vila São José, onde o corpo do motorista e o táxi foram encontrados.
Três pessoas estariam envolvidos na morte, cuja motivação ainda é desconhecida. A faca e o relógio serão periciados, visando identificar eventuais impressões digitais dos matadores. O crime levou um grupo de 70 taxistas a protestar em frente à casa do governador José Ivo Sartori no começo da madrugada deste sábado.
Conforme investigações iniciais, por volta das 22h30min da sexta-feira, um suspeito chegou ao ponto de táxi no cruzamento das ruas Tenente Alpoin e Ramalhete, na Vila João Pessoa, querendo embarcar no último dos cinco táxi parados em fila. Mas ele foi orientado a entrar no primeiro, dirigido por Santos.
Assim que a vítima arrancou com o táxi e contornou o canteiro central da Rua Tenente Alpoin, o passageiro fez o motorista parar, e mais duas pessoas embarcaram. A partir daí, o trajeto do táxi ainda é desconhecido _ a polícia vai pedir a rota traçada pelo GPS, sob os cuidados da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).
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Cerca de 30 minutos depois, o corpo de Santos foi encontrado no banco traseiro do táxi, com sete perfurações de faca _ no pescoço, no rosto, nas costas e na perna direita. No bolso da calça ficaram R$ 83. O fato de o dinheiro não ter sido levado indicaria um suposto homicídio sem intenção de assalto, mas a maneira de como um dos suspeitos chegou ao ponto de táxi, sugere que o objetivo dele seria de assaltar.
– A escolha aleatória da vítima e a forma como foi morta são situações conflitantes que teremos de esclarecer – afirma o delegado Rodrigo Pohlmann Garcia, que responde pela 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (1ª DHPP).
Conhecido como Larica, Santos morava no bairro Lomba do Pinheiro. Conforme a polícia, tinha contra si registros de ocorrências por perturbação, ameaça, lesão corporal, apropriação indébita e desobediência, mas não teriam gerado processos criminais. Conforme o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, não existiam impedimentos para concessão da licença para Santos dirigir táxi.
Revoltados com o crime, cerca de 70 colegas da vítima organizaram uma carreata em uma manifestação pedindo mais segurança, que terminou em frente à casa do governador José Ivo Sartori no começo da madrugada deste sábado.
Santos foi o segundo caso de taxista morto na Capital em um intervalo de uma semana. Em 2 de setembro, o taxista Daniel Esmiller Bastos Ramires, de 29 anos, foi encontrado morto dentro do seu veículo na Rua Luís Lederman, próximo ao cruzamento com a Avenida Germano Schmarczek, no bairro Jardim Ypu, na Zona Leste de Porto Alegre. A perícia apontou que a vítima sofreu pelo menos 10 tiros, a maioria na cabeça.