Pelo menos 89 pessoas perderam a vida em assaltos no primeiro semestre no Estado. Dados divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) apontam para aumento dos latrocínios (roubo com morte) se comparados os últimos dois semestres. De janeiro a junho de 2016, foram registrados 89 desses crimes no Estado, frente a 74 na segunda metade de 2015 e 66 no primeiro semestre do ano passado. Os dados revelam que, se confrontados os seis meses iniciais do ano passado com o mesmo período de 2016, o aumento foi de 35%.
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Um dos responsáveis pela elevação dos latrocínios foi o surto em fevereiro, quando 24 pessoas foram assassinadas, marcando o mês mais curto do ano como o mais violento em quase 11 anos e o segundo da série histórica, ficando abaixo apenas de dezembro de 2005, quando 25 latrocínios foram registrados.
Na comparação com fevereiro de 2015, houve um acréscimo de 84,61% nos latrocínios no mesmo mês deste ano, perceptivelmente destoando dos demais meses. A causa do aumento de latrocínios em fevereiro deste ano não foi elucidada pelas polícias.
Os indicadores da SSP mostram, ainda, que houve acréscimo dos crimes violentos na comparação entre os primeiros semestres de 2015 e 2016. Encabeçam a lista, junto com latrocínio, assalto, homicídio doloso, roubo de veículo e extorsão. Para Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, sociólogo e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, isso indica a ineficiência das polícias no combate ao desarmamento no Estado.
– Comprova o aumento no número de armas em circulação, pois são crimes cometidos, de forma geral, à mão armada. Há falha da polícia no recolhimento de armas e na aplicação do Estatuto do Desarmamento, ressaltando a crise no setor de segurança.
Com base nos indicadores, é possível afirmar ainda que houve aumento de 206,9% dos latrocínios em relação a 2009 – foram 29 vítimas no primeiro semestre – e 34,84% em relação ao mesmo período de 2015.
Mais integração entre BM e Polícia Civil
Na maioria das vezes, latrocínio é o desfecho de roubo a veículo ou assalto a estabelecimento comercial, diz o coordenador do Núcleo de Segurança Cidadã, da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), Eduardo Pazinato.
– É um assalto, geralmente, com arma de fogo que se converte em latrocínio quando há reação da vítima.
Para o especialista em segurança pública, o governo precisa qualificar as informações, detalhando a dinâmica da violência e do crime, apontando dados como local, horário e dia do delito, se havia iluminação púbica na via, se houve prisão do acusado.
– Com essas informações, é possível planejar as ações para conter o avanço desse tipo de crime.
Pazinato acredita que o Estado precisa concentrar esforços e garantir integração da Brigada Militar e Polícia Civil com guardas municipais:
– É preciso, ainda, compreender os latrocínios tentados, nos quais não houve a morte. Buscar informações com as vítimas vai ajudar a polícia a traçar a rota de ação.
O que diz a SSP
A Secretaria da Segurança Pública informou, em nota, que "é no sentido de devolver a sensação de segurança aos cidadãos e melhorar a prestação dos serviços à sociedade gaúcha que o governo do Estado autorizou a liberação de R$ 166,9 milhões, a serem investidos no aporte de horas extras e diárias, investimentos de reaparelhamento, chamamento de novos policiais, civis e militares, e na abertura de concursos para a Susepe e o IGP. As horas extras e as diárias já foram autorizadas pela SSP, estando à disposição das instituições".