A Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, foi palco de um ato de repúdio à cultura do estupro e à violência contra a mulher neste domingo. A mobilização integrou uma onda de manifestações em solidariedade à adolescente estuprada por um grupo de homens em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Na Capital, mulheres deitaram no chão sobre um pano preto formando o número 33, em referência aos envolvidos no estupro coletivo que indignou o país.
Com os rostos pintados de vermelho e tecidos da mesma cor amarrados aos pulsos e aos pescoços, as manifestantes levantaram, arrancaram as amarras e gritaram frases de ordem como "meu corpo é meu" e "não ao machismo".
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Ao final da performance, derramaram tinta sobre cartazes espalhados pelo chão, denunciando a agressividade contra a mulher e pedindo justiça. As participantes contaram com o apoio de outras mulheres e também de alguns homens, mas a adesão foi tímida em função da chuva.
– Não podíamos deixar passar esse momento tão grave. O ato é uma resposta aos ataques pelos quais as mulheres estão passando no Brasil – declarou Ticiana Alvares, coordenadora da União Brasileira de Mulheres (UBM) e integrante do coletivo Isto é machismo.
O grupo também protestou contra o governo interino de Michel Temer, classificado como "golpista" pela forma como chegou ao poder e "machista" pela ausência de mulheres do primeiro escalão. O ato, que teve a participação de vários coletivos, entre eles o Isto é machismo, o EmpoderArte e o Arte na Rua, além da UBM, transcorreu de forma pacífica e terminou por volta das 16h30min sem incidentes.
Ações semelhantes se repetiram em outras cidades do país, como Recife (PE), Boa Vista (RR) e Brasília. A maior delas ocorreu na capital federal, onde centenas de pessoas marcharam na Esplanada dos Ministérios, com flores nas mãos.
A iniciativa foi organizada por 16 entidades ligadas a causas feministas e de defesa da criança e do adolescente para mostrar a indignação em relação à cultura do estupro, pedir justiça e exigir políticas públicas que garantam educação de gênero nas escolas.
Aos gritos de "mexeu com uma, mexeu com todas", "não tem justificativa" e "lugar de mulher é onde ela quiser", a caminhada terminou em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde grades foram derrubadas. No local, foram fixadas calcinhas pintadas de vermelho, em alusão à violência sexual.
– Para nós, a rua é um campo de batalha. Os homens não têm ideia do medo que a gente vive diariamente. Todos têm esse potencial de ser agressor, porque é natural de nossa cultura subjugar a mulher. Essa desconstrução é muito difícil, mas vamos enfrentar – disse a professora Daniela Gontijo, 29 anos.