Os cartazes, fôlderes e pôsteres anunciavam a festa há pelo menos três semanas: Grito de Carnaval, dia 28 de fevereiro, sexta-feira, no Clube Comercial de Bagé. Atração principal: MC Catra. Mas após cinco horas de espera, um representante da organização subiu ao palco e disse que o funkeiro não iria aparecer nas bandas da Campanha. O anúncio gerou revolta no público de mais de 500 pessoas. Mais que revolta: segundo a Polícia Civil, gerou quebra-quebra. Lojas, hotéis, farmácias e o próprio clube foram depredados na madrugada, alvos da raiva dos fãs.
- Foi cena de guerra - disse a inspetora de polícia Nara Oliveira.
De acordo com as ocorrências registradas na Civil, a festa acontecia normalmente, apesar do atraso do show, na modalidade open bar (bebida liberada). Porém, o anúncio de que a celebridade da noite não viria despertou a ira dos pagantes - que não tiveram o dinheiro do ingresso devolvido e ficaram sem ouvir ao vivo os hits "Adultério", "Vem Kikando", "A Gente Faz a Festa" e "Uh Papai Chegou".
Lojas foram danificadas, prédios antigos tiveram vidros quebrados e farmácias sofreram tentativa de arrombamento. Os estabelecimentos atingidos ficam na avenida Sete de Setembro, a principal da cidade, onde também está o Clube Comercial. Que também não escapou: conforme a polícia, logo que souberam da ausência do funkeiro, as janelas do clube começaram a ser apedrejadas.
Apesar da depredação, não houve registro de feridos. No meio da confusão, uma mulher foi presa por tráfico de drogas ao portar 40 pedras de crack.
A direção do Clube Comercial informou que o espaço estava alugado para o evento e que o pagamento do aluguel foi efetuado pela KR Produções, empresa organizadora da festa. Mas a mesma empresa, de acordo com a assessoria de MC Catra, não teria pagado a última parcela do cachê nem enviado as passagens aéreas para o artista e sua equipe, formada por um produtor e um DJ.
- Estávamos explicando ao nosso cliente desde quarta-feira que, se não completassem o pagamento, o Catra não estaria no local. Mas continuaram divulgando a festa como se o show fosse acontecer. O Catra ficou muito triste com o que aconteceu, se sentiu injustiçado pelas pessoas que usaram o nome dele para, de má-fé, tirar dinheiro das pessoas - afirmou o assessor do funkeiro, Anderson Farias.
Zero Hora tentou contato com a KR Produções, mas ninguém atendeu as ligações.