Embora curável e prevenível, a tuberculose matou, em 2018, 1,5 milhão de pessoas em todo o mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com o órgão, a doença está entre as 10 principais causas de morte no planeta. Entre as crianças, os números são ainda mais graves: estima-se que apenas 50% dos casos são diagnosticados.
— Em menores de cinco anos, isso é quase dois terços dos pacientes. Isso acontece porque elas têm uma forma de tuberculose com quantidade de bacilos menor no escarro. Também há dificuldade de tossir e coletar a amostra do escarro — justifica o infectologista pediátrico Marcelo Comerlato Scotta, do Hospital Moinhos de Vento.
Diante da dificuldade, os diagnósticos costumam a ser feitos por presunção, através de escores clínicos e raio X. O problema, diz Scotta, é que o diagnóstico sem confirmação laboratorial é menos preciso.
— Nossa ideia é conseguir confirmar o diagnóstico laboratorial mais facilmente com a associação de duas técnicas — explica o médico, que fez parte de um grupo de brasileiros enviados à Cidade do Cabo, na África do Sul, para aprender a técnica bem-sucedida usada no país africano. Por lá, a taxa de diagnóstico laboratorial chega a até 80% entre as crianças.
O objetivo da imersão na África do Sul é implementar a técnica no Brasil por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS).
— É um projeto do Hospital Moinhos de Vento que ocorre em 23 centros do Brasil. A partir dos resultados, podemos gerar uma recomendação para o Ministério da Saúde — afirma Scotta, líder operacional do Estudo Epidemiológico Sobre a Prevalência Nacional de Agentes Respiratórios em Crianças.
A doença
- A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível provocada pelo Mycobacterium tuberculosis. Conforme o Ministério da Saúde, a cada ano há cerca de 70 mil notificações no país e 4,5 mil mortes. Sua forma mais comum é a pulmonar e os sintomas são, entre outros, tosse seca ou com catarro.
- A prevenção em crianças se dá pela vacina BCG, que deve ser administrada após o nascimento. A dose é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O método
- Desenvolvida pela Universidade da Cidade do Cabo, consiste em coletar escarro por indução e, na sequência, associar análise de material usando a biologia molecular, que exige pouca bactéria para sua detecção.
- Trata-se de uma nebulização hipersalina (que induz a produção de secreção) associada ao uso de um teste de biologia molecular. O casamento do teste sensível com a coleta provoca maior sensibilidade do exame.