Pelo sétimo ano, Porto Alegre celebra, neste domingo, o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. Centenas de famílias se reuniram no Parque Farroupilha (Redenção) durante a manhã para trocar experiências e esclarecer dúvidas sobre o transtorno.
Além de participar de palestras, os participantes, vestidos de azul, fizeram uma caminhada pelo parque para conscientizar outras pessoas.
– Estudos mostram que um em cada 80 nascimentos é de criança autista. Acreditamos que muita gente não sabe e que ainda há resistência em aceitar o diagnóstico – Elder Fin, diretor administrativo do instituto Autismo & Vida, que promove o evento.
– O autismo é um transtorno que tem muitos aspectos. Cada autista é diferente e se desenvolve de forma distinta. É preciso respeitá-lo na sua essência – destacou ele.
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Miguel tem cinco anos e há três os pais descobriram que o filho tinha grau leve de autismo. Desde então, participam da mobilização do dia 2 abril, definido pela ONU como o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo.
– É muito importante mostrar pra todo mundo que autismo não é um bicho de sete cabeças. O Miguel é carinhoso, é inteligente. Mas o mais importante foi termos descoberto cedo porque, para o autista, estímulo é tudo _ afirma Ivana Grando, 36 anos.
A profissão? "Mãe do Miguel", responde ela, repetindo o que diz o perfil no Facebook e explicando que teve de deixar o emprego antigo para se dedicar ao filho.
– Têm muitos especialistas bons, mas a educação ainda deixa muito a desejar. Então eu e muitos pais paramos de trabalhar pra nos dedicarmos às crianças – diz Ivana, já sendo puxada pela mão por Miguel, que queria andar no trem da Redenção.
Em meio às centenas de participantes da passeata, a família Pereira-Silva estava estreando. Embora Jordan esteja com sete anos, há apenas um ano os pais chegaram ao diagnóstico de autismo. A mãe, Gilvane Pereira, 40 anos, já havia percebido alguns sinais, como falta de atenção na escolinha e dificuldade de respeitar alguns comandos. Foi preciso, entretanto, passar por um punhado de especialistas até chegar ao diagnóstico correto.
Jordan está matriculado na escola regular, mas ainda não conseguiu frequentar as aulas, em São Leopoldo, por falta de uma professora de apoio, algo que está previsto em lei, mas que ainda encontra dificuldade em sair do papel.
– Os professores não estão preparados pra lidar com autismo, eles não entendem e nos chamam na escola. Eu tive que dizer: "profe, é como pedir pra um cego enxergar. Meu filho não vai obedecer a tudo que você fala, porque ele não entende da mesma forma que os demais" – afirma Gilvane.
A servidora municipal conclui dizendo que ela mesma aprende todos os dias. E completa afirmando que cada dia é uma descoberta diferente:
– O Jordan nos ensina todos os dias. Principalmente, a amar.
Apesar da data oficial ser o dia 2, todo o mês de abril é dedicado à causa e é chamado de "abril azul" - justificado pela maior incidência da síndrome em meninos. A cada cinco crianças com autismo, quatro crianças do sexo masculino.